‘Alteração neurológica é a segunda maior sequela em infectados por Covid-19’, diz psiquiatra
Em entrevista ao Pânico, dr. Pablo Vinicius também afirmou que a pandemia afetou a saúde mental de toda a população devido ao ‘aspecto psicológico do terror’
Em entrevista ao programa Pânico, da Jovem Pan, nesta quinta-feira, 13, o psiquiatra e neurocientista Pablo Vinicius afirmou que, mesmo após se curar da Covid-19, muitos contaminados apresentam sintomas neurológicos. “Publicações científicas apontam que a segunda maior complicação causada pela infecção por coronavírus são as alterações neuropsiquiátricas — estes sintomas só estão atrás do cansaço e fadiga, as sequelas mais frequentes deixadas pela doença. Atualmente, 40% dos pacientes que atendo em meu consultório são pós-Covid. Uma grande parte deles apresenta quadros de depressão, ansiedade, insônia, dores de cabeça e, até mesmo, síndrome do pânico. São pessoas que me falam: ‘Doutor, nunca tive nenhuma doença psiquiátrica, minha vida sempre foi saudável e agora estou nervoso, irritado. O que está acontecendo?’ Tudo isso é consequência da infecção por Covid-19”, analisou o médico.
No entanto, o psiquiatra também reiterou que os efeitos neurológicos da pandemia não acometeram apenas pessoas infectadas pelo vírus. “Além dos danos em pacientes que contraíram o vírus, a doença potencializou transtornos mentais em toda a sociedade porque impôs um aspecto psicológico do terror. Desde o início da pandemia, vivemos om o medo de contrair a Covid-19, com o medo de perdermos entes de nossa família e da realidade não voltar a ser como antes. Todo este cenário interfere na saúde psicológica, favorecendo, por exemplo, quadros de ansiedade e depressão.” Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mesmo antes da pandemia, o Brasil já era o país mais ansioso do mundo e apresentava a maior incidência de depressão da América Latina. A chegada da Covid-19 no país agravou a situação. Um estudo realizado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UEFJ) revelou o aumento de 90% nos casos de depressão. Outra pesquisa, desenvolvida pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), demostrou que, entre maio, junho e julho do ano passado, 80% da população brasileira tornou-se mais ansiosa.
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