Lula critica Bolsonaro e defende interferência em política de preços da Petrobras

Para o ex-presidente, é importante fortalecer o Estado para reduzir a crise das altas dos combustíveis e dar qualidade de vida ao povo brasileiro

  • Por Jovem Pan
  • 09/10/2021 09h54 - Atualizado em 09/10/2021 10h27
MATEUS BONOMI/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO Presidente Lula unindo os dois polegares aos indicadores e falando em um microfone. Usa terno e camisa branca. Atrás, logos do PT Ex-presidente Lula falou sobre diversos assuntos relevantes para o Brasil à imprensa de Brasília na última sexta-feira, 08

Em fala à imprensa de Brasília na última sexta-feira, 08, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez duras críticas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e disse não imaginar que o país pudesse estar pior hoje, em comparação com 2010, quando deixou a presidência. Para ele, o Estado precisa estar presente para mudar o cenário atual. “Eu quero um Estado forte, porque somente um Estado forte é capaz de acabar com a miséria nesse país, de não ter medo de fazer casa popular subsidiada para o povo que está desempregado e para quem ganha pouco. Eu quero um Estado capaz de manter e melhorar o SUS”. Diante dos constantes aumentos no preço dos combustíveis, Lula manifestou a intenção de mudar a atual política de precificação da Petrobras. “O Brasil é autossuficiente em petróleo e tem refinarias altamente qualificadas para refinar o óleo diesel e a gasolina que nós precisamos. Nós começamos a privatizar as nossas refinarias e estamos comprando gasolina refinada dos Estados Unidos, quando o Brasil era exportador antes do pré-sal. Eu não vejo nenhum sentido em querer agradar um acionista minoritário americano e não querer agradar o consumidor majoritário brasileiro”, pontuou.

Apesar de encontros com líderes políticos do PT e de outros partidos, Lula diz que ainda não tem a candidatura fechada para 2022. “Eu tenho dito que eu não estou candidato porque eu só vou decidir minha candidatura, possivelmente, para o começo do ano que vem. Eu ainda não decidi e vou decidir no momento adequado. Vou conversar com todo o mundo. Estou numa fase de conversar com partidos políticos, movimentos sociais, em algum momento vou conversar com os empresários, com os intelectuais e vou conversar com a sociedade brasileira, porque consertar esse país não é tarefa de um partido político. Consertar esse país é uma tarefa de muita gente”, afirmou o ex-presidente.

Ainda assim, Lula adiantou que pretende fazer campanha por parlamentares do partido dos trabalhadores. “É um desejo do meu partido que a gente faça um esforço muito grande para que a gente tenha uma bancada bem representativa. Hoje, não basta eleger um presidente da República. É importante que, além do presidente, que se tenha uma bancada, para que seja possível fazer as transformações que o país precisa. Estou disposto a fazer campanha, pedindo voto para deputados em todos os lugares do Brasil, porque acho importante o PT ter uma grande bancada”, disse. Lula ainda avisou que, nos próximos meses, deve intensificar as agendas de viagens nacionais e internacionais.

Após defender, em outras ocasiões, que, se eleito, promoveria uma regulação da mídia, Lula disse que a medida não dependeria apenas da vontade dele. “É um tema do Congresso Nacional, eu, sinceramente, não vejo qual a preocupação que algumas pessoas tem. E algumas pessoas falam que isso é censura. Eu acho engraçado, porque se vocês prestarem atenção e olharem para a minha cara, vocês vão perceber que o cara mais censurado do Brasil está falando com vocês”, alegou.

Ele ainda falou aguardar um pedido de desculpas da imprensa brasileira pelo caso da Lava Jato. “Eu poderia ter saído do Brasil, mas não sai. Eu não queria carregar a pecha de fugitivo. Eu tomei a decisão de ir lá para Curitiba para ficar na barba do Moro e provar que ele era mentiroso, que ele era um deus de barro criado pela imprensa brasileira. E a imprensa poderia ter percebido isso na minha sentença. Porque, pela sentença, o crime que eu cometi é um fato indeterminado. Nem ele sabia que crime que eu cometi. E, agora, eu só queria que a imprensa dissesse: ‘olha, eu queria pedir desculpas ao Lula’. Eu sei que é difícil, porque a palavra desculpa é preciso ter muita grandeza para falar. A palavra perdão é preciso ter muita grandeza. Quem não tem grandeza não sabe pedir. E dizer o seguinte: ‘eu quero pedir desculpas ao presidente Lula porque nós fomos induzidos à mentira pela força tarefa, pelo Dallagnol, pelo Moro’. Agora provou que eles, na verdade, é que eram uma quadrilha”, comentou o ex-presidente.

*Com informações da repórter Paola Cuenca

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