Constantino: Cintra foi bode expiatório para blindar Bolsonaro

  • Por Jovem Pan
  • 12/09/2019 09h24 - Atualizado em 12/09/2019 10h26
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José Cruz/Agência Brasil Marcos Cintra, ex-secretário especial da Receita Federal, discursa em sobre um fundo escuro Bolsonaristas esqueceram que ideia da CPFM foi apoiada por Guedes e Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro confirmou nesta quarta-feira (11) que “a tentativa de recriar a CPMF” foi o motivo pelo qual o secretário especial da Receita Federal, Marcos Cintra, foi demitido. Segundo ele, a decisão foi tomada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.

“Houve muito calor no debate da nova CPMF e muita gente realmente focou nos argumentos. Existem bons argumentos, e alguns economistas trouxeram isso à tona, contra o imposto, sem dúvida. Mas também existem argumentos favoráveis, que são decentes – e o ministro da Economia, Paulo Guedes, sempre focou nele. Por exemplo, ele tem uma base arrecadatória muito ampla, realmente pega os informais, pega tudo isso, e poderia chegar a R$ 120 bilhões, R$ 150 bilhões. Ele precisa de uma estrutura muito enxuta para ser fiscalizado e administrado, ao contrário de outros impostos, e ele não era defendido como a simples volta da CPFM. Ele vinha dentro de um pacote, que os próprios Cintra e Guedes sempre defenderam, de substituição de outros impostos sem aumento necessário na carga tributária. Mesmo assim, é possível ficar contra, mas é preciso levar essas características em consideração. Ainda assim, o presidente da CÂMARA, Rodrigo Maia, deixou claro que não havia clima para aprovar esse tributo; a reforma tributária, já dissemos isso antes, é mais complexa do que a previdenciária – tem projeto em tramitação na Câmara, no Senado e tem a proposta do governo, que a manteve em banho-maria e esperou para jogar muito tardiamente, gerando essa confusão toda.

Para além dessa análise inicial, o debate gerou uma reação muito forte nas redes sociais, na sociedade e o presidente Jair Bolsonaro acusou o golpe. Depois de serem resgatadas algumas mensagens dele, do ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, do assessor da Presidência, Felipe Martins e de outros políticos, onde eles diziam que não havia a menor possibilidade de resgatar o imposto, ficou um clima de estelionato eleitoral se eles fossem adiante com essa história de nova CPFM. A própria narrativa de Bolsonaro foi mudando: primeiro, ele dizia que não havia chances de um retorno do tributo. Depois, considerou, dizendo que dependia da proposta de Guedes. Apesar disso, quando ele viu que não havia clima, Marcos Cintra pagou o preço como bode expiatório para ser sacrificado e o governo se blindar, especialmente o presidente, contra esse desgaste político sobre a CPFM.

Tanto que o presidente interino em exercício, Hamilton Mourão, afirmou que foi esse o motivo. Transbordou o debate para o público, o que desgastou muito o governo. Ainda assim, há reportagens que dizem que Guedes não desistiu da ideia, porque ele gosta dela. Não deixa de ser liberal um cara que defende a volta da CPFM, já que ele defende a partir de uma queda de outros tributos e um imposto único .Alguns bolsonaristas tomaram uma postura de ame ou odeie a CPMF sem debater o mérito, ficando em uma situação desconfortável, porque Bolsonaro mostra que pode voltar com a ideia a tona e aí, pronto, a CPMF não é mais o capeta. Depois, ele vai lá e tuíta que derrubou o Cintra e que a CPFM está fora de cogitação e vão atacar o secertário quase como se ele fosse um agente infiltrado para levar essa ideia adiante, e não como se tivesse sido encampada pelo minsitro Guedes ou o próprio presidente não estivesse flertando com ela no debate. Isso não é honesto”, avaliou Constantino.

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