Rodrigo Constantino: Divulgação de clientes do BNDES está longe de ser a abertura da caixa-preta
O Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) divulgou a lista dos maiores clientes e o presidente Jair Bolsonaro adotou tom de alegria, como se tivesse cumprido mais uma promessa de campanha.
Nenhum dado divulgado agora é novidade, todos já estavam no site do BNDES. O que se fez agora é uma nova formatação dos dados, com rankeamento, que os torna mais acessíveis. Ajuda na transparência? Ajuda, mas ainda está longe de ser a abertura da tal caixa-preta.
Não obstante, serve para refrescar nossa memória sobre como o BNDES se transformou num instrumento de privilégios, concentração de recursos e transferência de riqueza dos mais pobres para os mais ricos. É o símbolo maior do nosso capitalismo de estado, de compadres.
Durante a era petista a coisa piorou, e muito, acrescentando-se, além do esquema tradicional de “capitalismo de laços”, o fator ideológico. Basta ver a lista de países agraciados com nossos recursos públicos para deixar isso claro.
As empresas grandes possuem mais influência e meios para chegar ao poder, e passam a “investir” em lobby em vez de produtividade. O “Custo Brasil” é elevado: taxa de juros, mão de obra desqualificada, infraestrutura capenga, carga tributária elevada e complexa, burocracia asfixiante. Em vez de lutar para transformar essa triste realidade, é mais fácil mitigar isso tudo com empréstimos subsidiados, com taxas abaixo até mesmo da inflação muitas vezes. Quem não quer?
Toda a torcida do Flamengo e do Corinthians! Mas quem consegue? Quem tem acesso? Ora, como fica claro, aqueles que menos precisam, os gigantes, os poderosos com tapete vermelho em Brasília. E assim nosso modelo vai virando um capitalismo de compadres e matando cada vez mais o liberalismo criador de riquezas. Ver a esquerda defender um modelo desses é a prova final de que esquerdismo não tem nada a ver com ajudar os mais pobres, e sim os mais ricos!
O deputado Paulo Martins foi direto ao ponto: “O BNDES é o financiador do socialismo nacional. Sim, esse “capitalismo” que vive de esquema estatal eu chamo de socialismo. Não há combate ao socialismo sem combater a existência do BNDES”.
O deputado está certo! Se desejamos trazer finalmente o liberalismo para o Brasil, para que ele possa realizar seu “milagre” de multiplicação de riqueza, então será preciso declarar guerra ao BNDES. Colocar um presidente sério como Joaquim Levy é um bom começo, mas não basta. O BNDES não deveria existir.
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