Rodrigo Constantino: Não faz sentido manter estatal alguma
O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que as estatais brasileiras são como “filhos drogados que fogem dos pais”, em alusão ao seu plano de desestatização de empresas brasileiras. A declaração foi dada durante evento sobre o setor elétrico, ocorrido na manhã desta sexta-feira (08) na sede do BNDES, no Rio. Ele disse que usa essa comparação quando defende “que é preciso vender todas as estatais” e o presidente Jair Bolsonaro e militares do governo demonstram apego a algumas.
– Eu falava que tinha que vender todas, mas naturalmente o nosso presidente, os nossos militares olham para algumas delas com carinho, como filhos, porque foram eles que as criaram. Mas eu digo, olha que seus filhos fugiram e hoje estão drogados. Guedes disse, ainda, que o BNDES terá papel “transformador” no processo e que o setor privado gera melhor recursos, “sem interferências políticas, corrupção e sem alimentar a velha política”.
– Em vez de o governo federal investir, agora são os estados e municípios que atuarão em saúde, educação e segurança pública. No Brasil você não sente o Estado. Ele não chega aonde o povo vive. As distribuidoras federalizadas de energia elétrica, esse exemplo tem de acontecer em outros setores – disse Guedes.
O ministro usou uma boa metáfora sobre as estatais: a ala militar do governo Bolsonaro parece ter um carinho especial por certas estatais, pois várias foram mesmo criadas na era militar, especialmente no governo Geisel. Não por acaso o positivismo intervencionista de Geisel se assemelha muito ao lulopetismo na área econômica, e ambos deram errado.
O mecanismo de incentivos nas empresas estatais é perverso, o risco de politicagem é constante, a corrupção tende a ser grande, e sem pressão para sobreviver no mercado, essas empresas pecam por ineficiência. Se havia um propósito para se criá-las, nos tais “setores estratégicos”, isso é coisa do passado: os filhos se degeneraram mesmo, se perderam no caminho.
Não há setor mais estratégico do que alimentação. Não obstante, há livre concorrência de empresas privadas, e justamente por isso temos abundância de produção e alta produtividade. Não faz sentido manter estatal alguma. Privatize já!
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