Anhembi dos orixás! Afoxé vence discriminação e abençoa avenida antes de escolas

  • Por Bruno Landi/Jovem Pan
  • 26/02/2017 00h07
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Afoxé Filhos da Coroa do Dadá mais uma vez abriu o desfile das escolas de samba de São Paulo

Jovem Pan Afoxé Filhos da Coroa do Dadá mais uma vez abriu o desfile das escolas de samba de São Paulo

Esqueça as caixas, surdos e tamborins. O folião que chegou mais cedo ao sambódromo do Anhembi na noite deste sábado se deparou com lutas de capoeira, xequerês e atabaques. Tratava-se da apresentação do Filhos da Coroa de Dadá, o afoxé mais antigo e tradicional do estado de São Paulo.

Reza a tradição que, antes da entrada das agremiações, a passarela do samba tem de ser abençoada pelos orixás. É exatamente essa a missão do afoxé. Há pelo menos 30 anos, o grupo é o responsável por abrir os desfiles das escolas de samba de São Paulo.

O bloco de candomblé limpa a avenida e prepara o público para a manifestação artística mais aclamada do Brasil, o carnaval. A discriminação, que durante todo o ano assombra os adeptos da religião africana, some quando os orixás tomam conta do sambódromo.

“A nossa religião é tudo para a gente. É terra, é vida, é o ar que a gente respira”, definiu Ludi Di Nanam, yalorixá do Filhos da Coroa de Dadá há oito anos. “Queremos mostrar a nossa cultura para as pessoas, porque somos muito descriminados. Só desejamos que elas não nos julguem como assassinos, como seres que fazem mal para os outros”, acrescentou.

A emoção de abrir o desfile das escolas de samba de São Paulo é capaz de sensibilizar até mesmo quem está há pouco tempo no afoxé. É o caso de Elisandra Damacena, operada de telemarketing que cruzou o Anhembi pela primeira vez em 2017.

Com um sorriso contagiante no rosto, a paulistana de 39 anos comparou a energia do sambódromo com a de um ilê (casa de candomblé). “Senti a mesma energia que sentimos na nossa casa e nas nossas festas”, revelou. “A euforia do público é contagiante. Nós nos apresentamos para animá-los antes do desfile das escolas”, complementou.

O esforço foi recompensado. Mesmo não tão cheias quanto na passagem das escolas, as arquibancadas do Anhembi dançaram, aplaudiram e se emocionaram com a apresentação dos Filhos da Coroa de Dadá.

“A gente leva energia para eles ficarem no sambódromo até o final, assistindo às últimas escolas”, afirmou Elisandra. “Mentalizamos todas as coisas positivas, porque o carnaval é uma alegria. Nós, que somos orixás, temos essa missão: de afastar a negatividade e desejar apenas coisas boas às pessoas”, finalizou.

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