Ator Bernardo Dugin denuncia padre por homofobia: ‘Como se tivesse apontado arma para mim’

Artista publicou um vídeo nas redes sociais dizendo que registrou a ocorrência no 151ª DP de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro; ‘discurso de ódio’ foi proferido em uma missa de sétimo dia

  • Por Jovem Pan
  • 02/05/2023 12h21 - Atualizado em 02/05/2023 13h40
Reprodução/Instagram/bernardodugin Bernardo Dugin Bernardo Dugin mostrou a ocorrência que registrou na delegacia e se emocionou ao relatar o que aconteceu na missa

O ator Bernardo Dugin registrou um Boletim de Ocorrência no 151ª DP de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro contra o padre Antonio Carlos dos Santos, que, de acordo com o artista, fez um discurso homofóbico durante uma missa celebrada na igreja situada no Colégio Nossa Senhora das Dores. Em um vídeo publicado nesta segunda-feira, 1, nas redes sociais, Bernardo declarou: “Acabei de sair da delegacia, fiz agora um registro de ocorrência contra um crime que aconteceu comigo ontem. Um discurso de ódio, um discurso homofóbico de um padre dentro de uma missa de sétimo dia de um familiar meu. Já era um momento muito difícil para minha família inteira, estava todo mundo presente, meu pai, minha mãe, minhas avós, meu namorado, meu irmão, minha cunhada, meus sobrinhos de oito, 10 e 13 anos”. O artista acrescentou: “Na hora da homilia, o padre disse a seguinte frase, dentre outras barbaridades que ele já havia dito antes: ‘O demônio está entrando na casa das pessoas de diferentes formas para destruir as famílias na representação da união de pessoas do mesmo sexo. Homem com homem, mulher com mulher e etc.’”. 

Com os olhos cheios de lágrimas, Bernardo disse que não rebateu o padre durante a missa em respeito a sua família, que estava sofrendo com a perda do familiar. “Eu me levantei em silêncio e me retirei da missa, mesmo assim, depois que eu saí, o senhor continuou dizendo que quem se incomodou com seu discurso, que essa era a verdade. Bom, agora o senhor vai ter que responder na Justiça o crime que o senhor cometeu com essas palavras, porque essas palavras ferem não só a mim e a minha família, elas ferem a muitas pessoas todos os dias no Brasil. Fere a saúde mental das pessoas, a saúde física e você sabe o que acontece com esse tipo de discurso de ódio? A depressão, a não aceitação, o suicídio, é como se o senhor tivesse apontado uma arma para mim e disparado o gatilho”, declarou o artista emocionado. “O demônio está na representação do ódio, não está na representação do amor.”

O Colégio Nossa Senhora das Dores, local em que a missa ocorreu, repudiou em nota divulgada nesta terça-feira, 2, o discurso feito pelo padre na homilia. “O Colégio Nossa Senhora das Dores, há 130 anos, contribui com a educação de crianças e jovens a partir de uma Pedagogia Humanista, aliando excelência acadêmica e valores cristãos. Comungamos com a perspectiva do Papa Francisco sobre o Evangelho verdadeiro de Jesus: amar e respeitar, sem distinção, todas as pessoas como irmãos. Isso supõe total respeito e acolhimento às diferenças e recusa obstinada a toda e qualquer forma de discriminação. O CNSD repudia, veementemente, todo discurso de ódio e incitação à violência de qualquer natureza. Esclarecemos à comunidade que a indicação de sacerdotes para as liturgias da Capela do CNSD é de inteira responsabilidade da Diocese de Nova Friburgo. Lamentamos, profundamente, o ocorrido na homilia do dia 30/04, que feriu muitas pessoas e somos solidários às suas dores”, declarou a instituição. Procurada pela Jovem Pan, a Diocese de Nova Friburgo informou que seu Departamento Jurídico “está em apuração interna do caso” e que aguarda o posicionamento do bispo. 

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