Maior mural do mundo tem assinatura argentina e é exposto em Buenos Aires
Irene Valiente.
Buenos Aires, 1 jan (EFE).- O maior mural do mundo feito por apenas um pintor pode ser visto nas paredes de um bairro humilde de Buenos Aires graças ao artista argentino Alfredo Segatori, que transformou sua obra em uma homenagem aos moradores da região que apoiou e promoveu seu projeto.
A iniciativa começou há um ano, quando após a proposta do governo da cidade, Segatori, que assina como “El Pelado” (“O Careca”, em português), pintou 700 metros quadrados das paredes do bairro portenho de Barracas inspirado em três obras do falecido pintor argentino Benito Quinquela Martín.
Seu trabalho, denominado “O Retorno de Quinquela”, fascinou os moradores. “Os meninos do bairro me pediram para sair no retrato”, contou o muralista em entrevista à Agência Efe, na qual também revelou que, graças ao apoio dos cidadãos e das empresas locais, adquiriu os materiais necessários e retomou seu projeto.
Foi assim que ele conseguiu superar os dois mil metros quadrados de extensão, arrebatando o recorde “Guiness” de maior mural do mundo pintado por apenas um artista, que pertencia ao mexicano Ernesto Ríos, que tinha chegado a 1.650 metros.
Mesmo assim, o artista insistiu que este reconhecimento não foi algo que buscou, mas depois que apareceu como o maior da Argentina, soube que existia um recorde mundial e decidiu “voar” mais alto.
Tudo isso não teria sido possível sem o apoio dos moradores, 70 dos quais aparecem no próprio mural, que se baseia na “idiossincrasia” de Quinquela, cujos quadros representavam trabalhadores portuários, um espírito que Segatori ressuscita ao refletir “a cotidianidade do povo”.
O resultado é um “retrato em massa” das famílias e dos trabalhadores de Barracas, como os caminhoneiros da oficina ou de Alberto, “o que vende os sanduichinhos na esquina”.
Assim, tanto esta obra como suas anteriores representam uma espécie de “espelho urbano” por meio do qual mostra ao público o dia a dia dos lugares que visita.
O artista, que pinta nas ruas desde os anos 90, se define como um muralista “da cidade de Buenos Aires”, onde acredita que não existe rejeição para a arte urbana porque, ao contrário do que ocorreu em outras partes do mundo, chegou à cidade antes das “tags”, que apareceram por volta de 2005.
“O povo às vezes se queixa quando é feita em uma propriedade privada, mas dá valor ao mural no espaço público”, apontou, antes de assegurar que, por esse motivo, a capital argentina é “um paraíso da arte urbana”.
Sua obra também serviu para reabilitar ruas de Barracas, já que o espaço no qual a obra está localizada se encontrava “bastante perdido” quando chegou, com os tijolos de suas paredes aparentes e com partes avariadas.
Apesar de Segatori não ter nenhum vínculo com o bairro, o projeto o permitiu se adaptar à região, especialmente com as ruas nas quais está trabalhando, onde todo mundo o conhece e quer lhe confidenciar algo.
Segatori pretende cobrir outros mil metros em um mural que não para de crescer, sempre sob o atento olhar de moradores e trabalhadores. EFE
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