Mocidade, Imperatriz, Portela e Unidos da Tijuca empolgam Sambódromo

  • Por Agencia Brasil
  • 04/03/2014 13h02
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O último dia de desfile do grupo especial mexeu com o público do Sambódromo em diferentes escolas de samba. Enquanto a Imperatriz Leopoldinense e a Unidos da Tijuca envolveram quem estava nas arquibancadas porque homenagearam ídolos brasileiros, a primeira o ex-jogador Zico e a outra o tricampeão de Fórmula 1 Ayrton Senna, a Portela destacou-se pela alegria, ao mostrar o Rio de Janeiro. Na Mocidade Independente de Padre Miguel, com um samba contagiante, a evolução dos componentes encantou e levou junto o público. A Vila Isabel, campeã do ano passado, teve muitos problemas, como a falta de fantasias. Na primeira ala, alguns componentes tiveram de improvisar, desfilando de sunga e pedaços de fantasias.

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A superação marcou o desfile da Mocidade Independente, a primeira das escolas que desfilaram segunda-feira (3). A Mocidade, que desfilou com o enredo Pernambucópolis, em homenagem ao carnavalesco Fernando Pinto, campeão pela escola em dois carnavais, enfrentou, nos últimos anos, problemas financeiros, que provocaram o afastamento do presidente da escola, Paulo Vianna, em janeiro deste ano, a menos de dois meses do desfile. A nova diretoria, além do problema financeiro, precisou correr contra o tempo para aprontar o carnaval.

O carnavalesco Paulo Menezes disse que a virada se deu com amor e com a união da escola, que queria mudanças. Segundo ele, isso ficou evidente também na consagração que a Mocidade teve nos setores populares da dispersão. “O objetivo foi alcançado. Quando a gente faz um trabalho quer o reconhecimento popular, e esses setores são os mais importantes, junto com o Setor 1, por onde entramos na avenida. É aqui que está o povo”, disse Menezes à Agência Brasil.

A União da Ilha, que veio em seguida, manteve a irreverência que caracteriza seus desfiles. Este ano, o enredo É Brinquedo, É Brincadeira, a Ilha Vai Levantar Poeira! evidenciou a marca registrada da escola, que levou para a avenida alas com super-heróis do cinema e das histórias em quadrinhos e com brinquedos diversos, como o peão. O carro alegórico que trazia livros, numa referência aos contos e fábulas, foi outro destaque da agremiação da Ilha do Governador.

A Vila Isabel enfrentou muitas dificuldades para mostrar o enredo Retratos de um Brasil Plural. Um dos problemas foi a falta de fantasias de componentes. Um deles, Djalma Santos, disse que chegou ao barracão da escola, na Cidade do Samba, às 10h30 de ontem (3) e ficou até 16h30 esperando para pegar a fantasia com que desfilaria horas depois. Na ala dele, alguns integrantes desfilaram com a  fantasia incompleta. “Em nenhum momento, pensei que não ia conseguir a fantasia, mas para outros não foi bom”, lembrou.

Diretores que acompanhavam a ala de Djalma não explicaram os motivos do atraso e das falhas na entrega das fantasia. O problema atingiu até componentes da primeira alegoria – alguns vestiam uma sunga de praia e se enfeitaram com pedaços de fantasia. O último carro, que tratava do encontro imaginário do folclore e da natureza, com uma lembrança do ambientalista Chico Mendes, assassinado em 1988 no Acre, trouxe o compositor acriano João Donato ao piano.

A passagem da Imperatriz Leopoldinense foi uma mistura de avenida de desfiles e estádio de futebol. O público nas arquibancadas delirou com antigos ídolos que passaram na avenida na homenagem a Zico, ex-jogador do Flamengo e da seleção brasileira. Entre eles, estavam Júnior, Andrade e Atílio, companheiros de Zico no Flamengo, e craques como Rivellino, Roberto Dinamite, Deco e Edmundo, entre outros.

Logo no “esquenta” da concentração, antes de começar o samba, o intérprete Wander Pires cantou o hino do Flamengo, clube em que Zico começou a carreira e conquistou muitos títulos. Faixas e bandeiras do time estavam estendidas nas arquibancadas. A dona de casa Juliene Rocha, que estava no Setor 1, foi com a camisa do Flamengo e ajudou a cantar parabéns pelo aniversário do ex-jogador, que fez 61 anos no dia em que foi homenageado pela Imperatriz. “Ele é meu ídolo. Estou muito feliz”, disse Juliene à Agência Brasil, segurando uma faixa em que desejava felicidades a Zico.

O ponto negativo da escola foi a entrada dos carros na avenida. Todos tiveram dificuldade na virada da concentração para a pista de desfile. A maior expectativa ficou na alegoria que trazia o homenageado. Foi difícil para os trabalhadores do guindaste colocarem Zico no alto do carro. Na virada para a avenida, no início da pista, o carro quase bateu em uma construção.

Quinta escola no desfile de ontem, a Portela mostrou a história da cidade com o enredo Rio, de Mar a Mar: do Valongo à Glória de São Sebastião. Sem conquistar títuloS desde 1984, a Portela fez um desfile empolgante e deixou confiantes seus componentes. Tia Surica, um dos grandes destaques da Portela, veio em um carro junto com outros membros da Velha Guarda. Animada, Tia Surica, que tem 73 anos, rejeitou até uma cadeira que foi colocada para ela e passou pela avenida sambando. Na dispersão, mostrou-se confiante: “acho que agora a gente ganha”.

O prefeito do Rio, Eduardo Paes, e o vice-governador do estado, Luiz Fernando Pezão, que torcem pela escola, desceram do camarote e acompanharam o desfile da pista cumprimentando os portelenses. “Esta é a minha escola”, revelou Pezão, encantado com o desfile.

O carnavalesco Alexandre Louzada, que está com problemas de coluna e vai precisar de cirurgia, não resistiu e, mesmo com dificuldade para caminhar, cruzou a avenida com a escola, apoiado em dois auxiliares. “Foi tudo muito bom”, disse ele, emocionado.

O desfile terminou com a Unidos da Tijuca. O enredo Acelera, Tijuca! espalhou a imagem de Ayrton Senna em toda a avenida e segurou o público já no amanhecer. “Estou achando que a Tijuca vai levar este título. Agora, vamos esperar o resultado”, disse o presidente da escola, Fernando Horta.

Marcellinton Lima foi um dos dublês que representaram o piloto, morto em um acidente na pista de Imola, na Itália, em 1994. “Foi emocionante. “Achei maravilhoso, porque Senna é um herói para os brasileiros. Foi uma coisa de outro mundo.”

Em um espaço reservado para cadeirantes no Setor 13, o sociólogo José Ciro Nogueira cantava junto com os componentes da Tijuca. “Estou há três anos com paraplegia e é a primeira vez que venho aqui. Consegui sair em uma escola e, se a Tijuca me chamar, estarei lá . Ela está linda. Tem criatividade, empolgação e samba no pé. Candidatíssima a ser campeã” , afirmou.
 

Editora Nádia Franco

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