Na Flip, especialistas defendem políticas públicas de incentivo à leitura
A descontinuidade das políticas públicas para o incentivo à leitura foi o problema mais citado hoje (31) em mesa redonda sobre o tema durante o FlipMais, evento paralelo à Feira Internacional de Liretatura de Paraty (Flip). A falta de diálogo entre os ministérios para apoiar articulações em estados e municípios foi outra questão mencionada, além da necessidade de participação da sociedade civil na elaboração e manutenção dessas políticas, que defendida por todos os especialistas presentes.
O diretor do Museu da Língua Portuguesa, Antônio Carlos de Moraes Sartini, disse que estimular o hábito da leitura não é apenas uma obrigação do Estado, mas também do cidadão. “Onde estão os médicos, eletricistas, garis, prestadores de serviço quando falamos de uma questão tão importante como a do livro e da leitura? Precisamos trazer mais pessoas para essa discussão para que esses planos sejam enraizados na sociedade, criando o direito e a obrigação também”, avaliou.
O diretor da Biblioteca e Centro de Pesquisa América do Sul – Países Árabes (BibliAspa), Paulo Daniel Farah, citou vários exemplos de iniciativas para atrair a sociedade civil para a discussão sobre a leitura. “Debates públicos, saraus. Os eventos literários antes do debate atraem as pessoas. Além da participação física, há a participação por rede social, por site”, comentou.
O presidente da Editora Unesp e secretário-executivo do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL), José Castilho, defendeu que o plano, instituído em 2006 e decretado como política de governo em 2012, seja transformado em política de Estado. “É a forma de matarmos um dos grandes males do Estado brasileiro, que é a falta de uma política contínua em áreas estratégicas”.
Castilho disse ter esperança de que o Congresso Nacional vote o plano até o fim do ano. “Essa é uma área estratégica para a construção de cidadania e é motor para o desenvolvimento, pois a leitura instrumentaliza o homem contemporâneo na realização de seus direitos e na contribuição que dá ao trabalho no mundo da informação e do conhecimento”, ponderou. O diretor citou dados do Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf) do ano passado, segundo o qual apenas 26% dos brasileiros são leitores plenos. “Temos 500 anos de atraso para superar e o primeiro passo é o Plano Nacional do Livro e Leitura”, defendeu.
A plateia, que interagiu com os especialistas durante o debate, abordou principalmente o custo dos livros no Brasil, considerados caros pela maioria. Para baratear esse mercado, segundo Farah, uma das saídas é assegurar os direitos das pequenas editoras.
Editor Luana Lourenço
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