Oscar 2016: Leonardo DiCaprio finalmente ganha estatueta e “Spotlight” é considerado melhor filme

  • Por Agência Estado
  • 29/02/2016 08h04

Em discurso Efe Oscar 2016: Leonardo DiCaprio finalmente ganha estatueta e “Spotlight” é considerado melhor filme

Foi um daqueles momentos de emoção que vão fazer história no prêmio da Academia. E o Oscar de trilha sonora vai para… Ennio Morricone, por “Os Oito Odiados”. O público levantou-se para aplaudir o veterano compositor dos spaghetti westerns de Sergio Leone. Em italiano, e com direito a tradutor, Morricone disse que não existem grandes trilhas sem grandes filmes. E agradeceu a Quentin Tarantino.

Emoção maior na 68.ª festa do Oscar, que se encerrou na madrugada desta segunda (29), só o momento mais esperado da noite: o prêmio de melhor ator. Leonardo DiCaprio polarizou as apostas do ano. Leva ou não leva? Levou – em sua quinta tentativa, a quarta na categoria de melhor ator, ele venceu pelo papel como Hugh Glass em “O Regresso”, de Alejandro González-Iñárritu.

Antes dele, o próprio Iñárritu ganhou seu segundo prêmio consecutivo como melhor diretor, depois do primeiro, no ano passado, por Birdman. Iñárritu agradeceu à Academia e a seu ator, dizendo que DiCaprio colocou sua alma no personagem que virou um símbolo da tenacidade do homem do Oeste. O diretor mexicano acrescentou que estamos vivendo um momento histórico: “Essa geração tem o privilégio de poder acabar com os preconceitos”, considerou. Foi muito aplaudido, mas não levou o principal prêmio da noite. O melhor filme foi “Spotlight – Segredos Revelados”, de Tom McCarthy, com sua intransigente defesa do jornalismo investigativo, num momento em que o impresso sofre a concorrência do online (e da proliferação das redes sociais).

E a Academia não deixou barato, achou até um comediante afrodescendente para fazer sua defesa. Afinal, a discussão sobre racismo no prêmio da Academia atingiu essa edição como nenhuma outra. Chris Rock começou fazendo piada com o Oscar ‘branco’, mas, à medida que esticava sua piada única, ficava cada vez mais evidente que o objetivo era livrar o cinemão – a indústria, a Academia de Hollywood – da acusação de racismo. E insistiu. “Estou aqui para apresentar o Oscar, também conhecido como prêmio das pessoas brancas. Uau, estou vendo 15 negros trabalhando ali atrás”. Não foram piadas de muito bom gosto, mas, mesmo tentando livrar a cara da Academia, Chris Rock insistiu na posição periférica dos negros na premiação deste ano.

Ao invés do Oscar de melhor ator coadjuvante, a premiação começou este ano pelas estatuetas de roteiro. As cenas dos filmes indicados que apareciam na tela eram complementada com um extrato do roteiro, para o público acompanhar o diálogo e até as marcações de câmera e atores. O recurso não era 100% original – já foi usado antes -, mas valeu. E venceram “A Grande Aposta” e “Spotlight – Segredos Revelados”. Agradecendo o prêmio, o diretor e corroteirista Tom McCarthy, de Spotlight, não deixou por menos: “Esperamos que, com essa premiação, aumente a transparência para casos como esses envolvendo a Igreja Católica. Com visibilidade como essa, outras vítimas e envolvidos poderão se pronunciar e ter a coragem de dizer a verdade”.

O melhor coadjuvante do ano passado, J.K. Simmons – “Whiplash” – veio apresentar o prêmio para a melhor atriz coadjuvante. Venceu Alicia Vikander, por “A Garota Dinamarquesa”, nenhuma grande surpresa, já que Alicia venceu o prêmio da categoria no Sindicato dos Atores. O prêmio de ator coadjuvante saiu quando a cerimônia já ultrapassava duas horas de duração. Quem jogava suas fichas em Sylvester Stallone – e no reboot de “Rocky” – viu Mark Rylance levar o prêmio por “Ponte dos Espiões”. Após garantir que não preparou nenhum discurso, Rylance elogiou as palavras de Chris Rock durante a cerimônia. “Ele evitou que aumentasse o mal estar, que vinha crescendo nos último dias. Da mesma forma que não sou a favor de se distinguir ator principal de ator coadjuvante, não sou favorável da distinção de raças”.

Uma hora de cerimônia e “Mad Max – Estrada da Fúria” já havia ganhado três prêmios – melhores figurino, direção de arte e maquiagem. Mais um pouco e viria a quarta estatueta – melhor montagem. E a quinta – mixagem de som. E a sexta – edição de som. Já que a Academia não consideraria seriamente premiar a alegoria visionária de George Miller – afinal, um filme de ação -, pelo menos atribuiu-lhe os troféus das categorias que sustentavam, como pilares, a audaciosa proposta estética do diretor. E o Brasil não chegou lá, Alê Abreu viu o prêmio animação ser atribuído a “Divertida Mente”, o favorito da Pixar, e não a seu belo “O Menino e o Mundo”.

Confira abaixo a lista completa de ganhadores:

Filme: “Spotlight: Segredos revelados”
Ator: Leonardo DiCaprio, por “O regresso”
Atriz: Brie Larson, por “O quarto de Jack”
Diretor: “O regresso”, Alejandro G. Iñárritu
Atriz coadjuvante: Alicia Vikander, de “A garota dinamarquesa”
Ator Coadjuvante: Mark Rylance, “Ponte dos espiões”
Filme em Língua Estrangeira: “O filho de Saul” (Hungria)
Animação: “Divertida mente”, Pete Docter e Jonas Rivera
Roteiro Original: “Spotlight”, Josh Singer e Tom McCarthy
Roteiro Adaptado: “A grande aposta”, Charles Randolph e Adam McKay
Documentário em Longa-Metragem: “Amy”, Asif Kapadia e James Gay-Rees
Canção Original: “Writing’s On The Wall”, de “Spectre”, música e letra por Jimmy Napes e Sam Smith
Trilha Sonora Original: “Os oito odiados”, Ennio Morricone
Figurino: “O regresso”, Jacqueline West
Maquiagem e Cabelo: “Mad Max: Estrada da Fúria”, Lesley Vanderwalt, Elka Wardega e Damian Martin
Direção de Arte: “Mad Max: Estrada da Fúria”
Fotografia: “O regresso”, Emmanuel Lubezki
Montagem: “Mad Max: Estrada da Fúria”, Margaret Sixel
Edição de Som: “Mad Max: Estrada da Fúria”, Mark Mangini e David White
Efeitos Visuais: “Ex-Machina”
Curta-Metragem de Animação: “Bear Story”, Gabriel Osorio e Pato Escala
Curta-Metragem: “Stutterer”, Benjamin Cleary e Serena Armitage

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