Brasileiro enfrenta frio e língua búlgaros enquanto sonha em jogar a Champions

  • Por Jovem Pan
  • 22/12/2015 20h41
Divulgação/Ludogorets Lucas Sasha foi revelado pelo Corinthians

No mundo do futebol, alguns jogadores se destacam tanto que poucos lembram que o esporte é quase um mundo à parte, em que milhares de atletas desconhecidos tentam se manter e crescer na carreira. Um desses atletas é o volante Lucas Sasha, de 25 anos, cria da base do Corinthians, que já passou por Israel, deixou de jogar na Inglaterra por um deslize e agora tenta chegar à Liga dos Campeões jogando na Bulgária. Parte dessa rica história ele contou ao repórter André Ranieri, da Rádio Jovem Pan.

“Já minha segunda passagem pelo futebol búlgaro, três anos atrás eu joguei pelo CSKA Sofia, então já estou meio que acostumado. É um futebol diferente, de força, muita, muita força mesmo. Só que hoje estamos em sete brasileiros no Ludogorets, então nosso time acaba sendo diferenciado por ter muitos brasileiros”, conta Lucas, que é companheiro de Natanael, Marcelinho, Wanderson Juninho Quixadá e os mais conhecidos Jonathan Cafu e Cicinho, atacante e lateral que recentemente defenderam São Paulo e Santos, respectivamente.

Apesar de estar feliz no país europeu, o volante reconhece as dificuldades da experiência. “A língua é muito difícil. Temos uma tradutora que ajuda a gente, dá aulas de búlgaro, mas é muito difícil. Acaba enroscando a língua (risos). Mas ainda bem que tem o inglês, que a gente entende. Infelizmente o treinador não entende, mas a gente faz o sistema de mímicas”, contou.

“Moro numa cidade bem afastada da capital, uma cidade pequena, de 35 mil habitantes, então isso acaba dificultando um pouco pra mim, que sou de São Paulo. Mas como tem muito brasileiro lá a gente acaba dando nosso jeitinho de fazer as nossas comidas. Só em relação ao frio que eu acho que a gente não vai se acostumar nunca”, relatou o jogador. Outro problema é o racismo. “O maior problema lá para os brasileiros é o racismo, somos muitas vezes chamados de ciganos, e o Jonathan Cafu e o Cicinho ainda mais por terem a pele escura. É complicado”.

Querendo crescer na carreira, Lucas quase jogou no badalado Campeonato Inglês, pelo West Ham. “Foi uma situação complicada, porque para jogar lá tem que ter jogado pela Seleção Brasileira ou ter o passaporte comunitário. Na época eu ainda estava tirando o passaporte italiano que eu tenho hoje, e eu falei para eles que eu tinha, mas estava em andamento. Quando viram que eu não tinha, melou o negócio. Foi uma coisa muito feia que eu fiz, porque já deveria ter falado antes que eu não tinha. Foi uma pena, cheguei a ficar lá umas duas semanas, era um lugar muito bom”, lamentou.

Outra coisa que o volante lamenta é não ter jogado como profissional no Corinthians, clube que o revelou. “Era o meu sonho, depois de sete anos nas categorias de base do Corinthians, ter jogado pelo menos um jogo pelo profissional, mas infelizmente não fui aproveitado”, disse. Só que o sonho agora é outro. “Eu saí de Israel porque queria algo a mais na minha carreira, e o Ludogorets vinha de uma temporada em que tinha jogado a Champions League, no grupo do Real Madrid, então era uma vitrine pra mim. O nosso objetivo é ser campeão búlgaro este ano para no ano que vem chegar à fase de grupos da Champions”, concluiu o volante. O Ludogorets é atualmente o líder do campeonato de seu país.

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