Desemprego na natação atinge Bruno Fratus, Felipe França e Thiago Pereira

  • Por Estadão Conteúdo
  • 30/01/2017 09h41
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Divulgação/Comitê Olímpico Brasileiro Thiago Pereira chegou a 23 medalhas nos Jogos Pan-Americanos e superou o ginasta cubano Erick López

Os donos dos melhores resultados brasileiros na natação dos Jogos Olímpicos do Rio-2016 são também aqueles que agora sofrem na pele as consequências do fracasso coletivo. Bruno Fratus, Thiago Pereira, Felipe França e Leonardo de Deus estão entre os nadadores que não tiveram contratos renovados pelos seus clubes na virada do ano. Desses, só Léo de Deus achou uma nova casa, a Unisanta, porque aceitou um corte salarial. Os demais convivem com o fantasma do desemprego.

A conjuntura econômica e o fracasso da natação brasileira no Rio 2016 fizeram o orçamento das três grandes equipes do País ser reduzido para o próximo ciclo olímpico. Com o cobertor mais curto, Pinheiros, Minas Tênis e Corinthians baixaram o teto salarial, atingindo os mais bem remunerados. Cesar Cielo, Thiago Pereira, Felipe Lima (todos do Minas), Leonardo de Deus, Thiago Simon, Felipe França (do Corinthians), Bruno Fratus, Henrique Rodrigues, João de Lucca e Joanna Maranhão (do Pinheiros) estão entre os que não tiveram contratos renovados.

Joanna, Leonardo e Thiago Simon acertaram com a Unisanta, única equipe que ampliou investimentos no novo ciclo – também a única que ganhou medalha no Rio, com Poliana Okimoto, na maratona aquática. Henrique Rodrigues topou ganhar menos no Sesi-SP, que manteve Etiene Medeiros. Os demais estão desempregados e com mercado reduzidíssimo.

O Corinthians, por exemplo, pagava até R$ 20 mil a um nadador de ponta. Hoje, tem orçamento total na casa de R$ 25 mil por mês. Em nota, Oldano Carvalho, diretor de Esportes Aquáticos do clube, disse apenas que o Corinthians está “se reposicionando” e que não pretende deixar de formar atletas.

No Pinheiros, os cortes atingiram até Bruno Fratus, prata no Mundial de Kazan, na Rússia, em 2015. Ele reclama por não ter sido nem chamado para conversar. “Achei esquisito depois de 10 anos de clube e inúmeras conquistas, uma história toda dentro do clube, ser apenas avisado que não renovariam o meu contrato. Depois de 10 anos dando o sangue pelo clube, ser descartado deixa um gosto amargo”, lamentou o nadador, sexto nos 50 metros livre no Rio.

Ele treina nos Estados Unidos e costuma voltar ao Brasil só para competir pelo Pinheiros. O clube não tem mais interesse neste tipo de relação. “Optamos por não renovar com alguns atletas, por vários motivos, sendo o principal deles o de concentrar os maiores investimentos no grupo que está treinando na sede do clube, em São Paulo e ajudando na formação das novas gerações”, explicou Alberto Silva, o Albertinho, supervisor técnico do Pinheiros.

Por causa desta nova diretriz, João de Lucca também não teve seu contrato renovado, assim como Joanna Maranhão, agora casada com o judoca Luciano Corrêa, do Minas. Ela fechou com a Unisanta, mas treinará em Belo Horizonte.

A diretriz é a mesma no Minas Tênis Clube, pelo que explica Hélio Lipiani, novo diretor de natação. “O atleta tem que estar treinando com a gente. Não queremos mais atleta que venha para nadar na competição e ir embora”, disse. Apesar de Thiago Pereira ter voltado ao Brasil de mala e cuia depois de longo período morando e treinando nos Estados Unidos, o medalhista olímpico sequer foi procurado para renovar contrato. Até Cesar Cielo, que ainda não decidiu se para ou se continua na natação de competição, foi embora sem que o Minas lamentasse.

O cenário para nomes como Thiago, Fratus, França e Felipe Lima é incerto. “Tenho tentado diálogo com alguns clubes, mas o cenário não está animador”, admitiu Fratus.

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