Extraditado, Marin embarca para os EUA e não poderá falar com Teixeira e Del Nero

  • Por Agência Estado
  • 03/11/2015 17h03
Guilherme Pessoa José Maria Marin (esq.) está envolvido em casos de corrupção como seus antecessores Del Nero (dir.) e Teixeira

José Maria Marin, o ex-presidente da CBF, foi extraditado de Zurique para os Estados Unidos e, se aceitar um acordo com a Justiça norte-americana, ficará proibido de manter qualquer tipo de contato com Ricardo Teixeira ou Marco Polo del Nero até o final do julgamento, o que promete levar anos. Nesta terça-feira, o brasileiro embarcou em um voo na cidade suíça, colocando um fim a mais de cinco meses de prisão. 

Ao desembarcar em Nova York, ele deve ser levado diretamente para uma delegacia e, menos de 78 horas depois, seguirá para sua primeira audiência na Corte do Brooklin. Graças a um acordo preestabelecido com o FBI, o brasileiro vai permanecer em prisão domiciliar, em seu apartamento na Quinta Avenida, e terá de pagar uma fiança milionária.

Marin foi o último entre os sete cartolas presos em maio a ter seu caso avaliado pelos suíços. Foi a negociação para sua prisão domiciliar que acabou atrasando uma definição sobre o brasileiro que, em junho, havia entrado com um recurso na Suíça para não ser extraditado. Enquanto isso, seus advogados se lançaram em um diálogo com o Departamento de Justiça para garantir que, em uma ida aos EUA, o ex-presidente da CBF receberia certos privilégios

Pelo entendimento, Marin continuará a se declarar inocente e o processo vai seguir seu trâmite durante 2016. Mas ele aceita “colaborar” com a investigação e coloca uma parte significativa de seus bens nas mãos da Justiça. Isso vai incluir até mesmo uma garantia assinada por sua esposa. 

Por enquanto, ele não teria obrigações de delatar ninguém. Mas a Justiça norte-americana garante que, assim que Marin desembarcar nos EUA, voltará a colocar o assunto sobre a mesa. Um dos focos dos americanos é o de traçar o envolvimento de Kleber Leite, Marco Polo Del Nero e Ricardo Teixeira. 

PROIBIÇÃO – Com as investigações continuam, Marin ficará impedido de manter qualquer tipo de contato com Del Nero, Teixeira ou Kleber Leite. Se violar esse princípio, irá imediatamente a uma cadeia em Nova York. 

A meta dos investigadores é a de impedir que Marin possa repassar informações do processo aos ex-companheiros de comando na CBF. Marin foi o vice de Teixeira e, de forma constante, consultava o dirigente em Miami sobre os destinos da CBF. Já Del Nero era o homem que acompanhava diariamente as atividades de Marin e foi escolhido como o sucessor do dirigente. 

Aos advogados suíços, Marin não conseguiu negar que os fatos apontados no indiciamento são falsos. Num primeiro encontro ainda na prisão no início de junho, o brasileiro se dizia inconformado com as acusações e o fato dele estar preso. Mas, na reunião seguinte e ao ser confrontado com o ato de acusação, Marin mudou radicalmente de tom. Sua frustração teria sido com o comportamento de José Hawilla, o empresário que o gravou em uma conversa pedindo propinas para a Copa do Brasil. 

Seus advogados nos EUA optaram por sair em busca de um acordo, no mesmo padrão que vingou para Jeff Webb, o ex-vice-presidente da Fifa. O cartola entregou relógios de luxo, propriedades, carros e até o anel de noivado de sua esposa. 

Mas o acordo esbarrava em outro problema: quem pagaria a conta da fiança. O ex-dirigente indicou que não estaria disposto a arcar sozinho com a conta da fiança, que pode chegar perto de US$ 10 milhões.

A Justiça na Suíça também colaborou e aguardou por um acordo entre Marin e os norte-americanos, antes de dar sua posição. Isso porque, se os suíços o extraditassem pelas vias legais, Marin chegaria aos Estados Unidos eventualmente sem um acordo, deixando-o em uma posição de maior vulnerabilidade. Por isso seu processo levou mais de cinco meses e acabou sendo o último dos sete cartolas presos em maio a ser tratado. 

Com todos esses aspectos solucionados, a Justiça suíça então convocou Marin para uma audiência na terça-feira passada e o questionou se ele estaria disposto a ir voluntariamente aos EUA. A resposta foi “sim”.

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