Bolsonaro usa camisa do Corinthians em vídeo com Marcelinho, e torcida se divide

Há cerca de dez dias, um diretor da Gaviões da Fiel e integrante do movimento Democracia Corintiana afirmou que “para nós, ele (Bolsonaro) não usar a nossa camisa é uma honra”

  • Por Jovem Pan
  • 29/07/2020 14h37 - Atualizado em 29/07/2020 15h44
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Reprodução O presidente Jair Bolsonaro e o ex-jogador Marcelinho Carioca com a camisa do Corinthians em vídeo

Multicampeão e um dos maiores ídolos da história do Corinthians, Marcelinho Carioca foi a Brasília e gravou vídeos ao lado de Jair Bolsonaro. Nas filmagens, tanto o ex-jogador quanto o presidente da República, que é torcedor assumido do Palmeiras, vestem uma camisa do clube alvinegro. O uniforme, a partir de agora, estampará a logomarca do banco BMG em preto e branco, e não mais em laranja – e Marcelinho é o representante da parceria entre a empresa e o Corinthians. “Nação corintiana, aqui ó: o nosso presidente Jair Messias Bolsonaro com a camisa do Coringão! Isso que é democracia! Isso é defender a MP do Futebol! Isso é valorizar o futebol feminino!”, diz Marcelinho, em um dos vídeos. “Você vê? Isso que é lindo! (Bolsonaro) é palmeirense, mas quer que todos os clubes tenham a liberdade de poder fazer os seus jogos, poder trazer os craques de volta para o nosso País e abrilhantar o nosso futebol! Presidente, que honra o senhor me receber aqui no Palácio”, acrescenta, no momento em que é saudado por Bolsonaro: “a honra é toda minha, Marcelinho”.

Pouco tempo depois, o próprio Jair Bolsonaro postou um outro vídeo ao lado de Marcelinho no Facebook. Nele, o ex-jogador diz: “há a falsa narrativa de que a MP do mandante era só do Flamengo, de que ajudaria os grandes clubes e prejudicaria todos os outros. De maneira nenhuma. É a liberdade do nosso futebol! E viva o nosso presidente, porque teve coragem de poder fazer isso!”. Bolsonaro, então, sorri e completa: “é motivo de satisfação e honra receber aqui o Marcelinho, falando tão bem dessa MP que, realmente, é um trabalho de muitas mãos, mas que parte do Flamengo. Tanto é que eu botei a camisa do Flamengo. E, depois, o Corinthians aderiu e outros times, também. Isso nos dá liberdade, volta da alegria ao futebol e craques, como o Marcelinho era no passado. Eles vão ficar no Brasil ou voltar para cá. Todos nós ganhamos com isso. Então, Marcelinho, muito obrigado e parabéns por estar, junto com a sua turma do Corinthians, apoiando essa Medida Provisória, que será muito boa para o Brasil, e os times vão deixar de ficar subordinados e reféns do monopólio”. Em seguida, ambos batem bola e fazem embaixadinhas.

– Marcelinho Carioca e a MP do futebol.- No final opine quem, de fato, é melhor.

Posted by Jair Messias Bolsonaro on Wednesday, July 29, 2020

Os dois vídeos começaram a circular nas redes sociais e, rapidamente, dividiram a torcida corintiana. Primeiro, porque Bolsonaro é torcedor assumido do Palmeiras. E, segundo, por questões políticas. “Triste demais ver um cara que se diz o maior jogador da história do clube não entender nada da história do mesmo, um dia triste pra instituição Corinthians”, escreveu um torcedor alvinegro no Twitter. “Marcelinho se queimou, forçou um barra enorme , que nojo ver esse senhor vestindo nossa camisa , que nojo! Vergonha alheia, Marcelinho, que papelão”, acrescentou outro. “Marcelinho Carioca pra mim já era! Não soube respeitar a história e a torcida do Corinthians. Há muitos torcedores do Corinthians que repudiam Bolsonaro por tudo que ele prega de negativo. Marcelinho, você é um moleque como já dizia Luxemburgo; só quis aparecer”, bradou uma terceira.

Houve, no entanto, quem não condenasse o ex-meio-campista. “O Marcelinho é embaixador da Meu Corinthians BMG. Pra ir até Brasília e dar uma camisa para o Bolsonaro com BMG em Preto e Branco, isso não deve ser ideia somente dele. Reflitam…”, escreveu um internauta. “Marcelinho Carioca com Bolsonaro. Total apoio à MP do Futebol. É a quebra do monopólio da Rede Globo e o início da liberdade no esporte. Escuta essa, Maia…”, acrescentou outro. “Galera, não podemos esperar que todos sejam iguais ao Sócrates. Jogador de futebol em sua esmagadora maioria é alienado. Vivem em uma bolha. Gostei da atitude do Marcelinho? Não. Diminuiu quanto como ídolo pra mim? Zero”, afirmou um terceiro.

Em maio, torcedores organizados do Corinthians lideraram uma manifestação “a favor da democracia” e “contra o fascismo” na Avenida Paulista, em São Paulo, e chegaram a discutir com manifestantes que participavam de um ato pró-Bolsonaro no mesmo dia e local. Há cerca de dez dias, por sua vez, Emerson Marcio Vitalino, o Emerson Osasco, diretor da Gaviões da Fiel e integrante do movimento Democracia Corintiana, afirmou que “para nós, ele (Bolsonaro) não usar a nossa camisa é uma honra”. “E não vai se sentir bem, porque é uma camiseta de um clube formado por operários. A grande maioria da torcida é negra e periférica, isso não faz parte do mundo dele. Pelo contrário, tem repulsa do povo”, justificou, na ocasião.

Por volta das 15h30 desta quarta-feira, o Corinthians emitiu nota se posicionando sobre o assunto. O clube negou ter envolvimento na visita de Marcelinho ao presidente Jair Bolsonaro, mas disse que “se mantém fiel às suas tradições, respeitando todas as correntes políticas e coerente com suas origens de clube de todos os brasileiros”. “O Sport Club Corinthians Paulista torna público que não teve qualquer participação na iniciativa do ex-jogador Marcelinho Carioca, em Brasília. A entrega da camiseta nesta quarta, na Presidência da República, foi uma ação única e exclusiva do ex-atleta”, informou o Timão, no comunicado. “Cabe ressaltar que a nova camisa do clube, com o logotipo do patrocinador BMG em preto e branco, já havia sido amplamente divulgada em evento na Arena Corinthians em 11/7. Por fim, o Corinthians se mantém fiel às suas tradições, respeitando todas as correntes políticas e coerente com suas origens de clube de todos os brasileiros”, finalizou.

Veja a repercussão do vídeo de Marcelinho Carioca abaixo:

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