Transferências de jogadores brasileiros geram quase R$ 1 bilhão em negócios
As vendas de jogadores jovens, o interesse propiciado pela Copa do Mundo e o ressurgimento do futebol do Oriente Médio aqueceram bastante o mercado de transferências para os clubes brasileiros neste ano. Segundo dados da CBF divulgados nesta semana, as negociações com o mercado exterior para chegadas e saídas de jogadores movimentaram até agora quase R$ 1 bilhão por 510 atletas.
O valor é alavancado principalmente pelos R$ 817 milhões em vendas das equipes brasileiras para o mercado estrangeiros. O montante, no entanto, pode aumentar. A janela para saídas de jogadores do Brasil para o exterior vai até sexta-feira, dia 31, quando novas operações podem ser concretizadas ainda.
A conta só está fechada quando se refere à vinda de reforços de fora para o Brasil. A janela para isso terminou no último dia 15, com a movimentação total de R$ 158 milhões – 17 negociações. Os dados apresentados pela CBF levam em conta a cotação do euro e do dólar indicadas pelo Banco Central e mostram aspectos interessantes das negociações.
Dos 510 atletas envolvidos nas transferências, 434 deles (85%) vieram em operações sem custos aos clubes, como empréstimos ou jogadores que estavam em fim de acordo. “Todas as contratações feitas pelo Internacional recentemente foram sem comprar direitos econômicos. Nossa realidade não nos permite gastar e temos agido dessa maneira”, explicou ao Estado o diretor executivo do clube gaúcho, Rodrigo Caetano. Foi por empréstimo que o time trouxe em julho, por exemplo, o atacante uruguaio Jonatan Álvez, do Junior Barranquilla, da Colômbia.
Um dos clubes que mais investiram para buscar reforços no exterior foi o Flamengo. A diretoria carioca desembolsou mais de R$ 40 milhões para trazer recentemente o meia Vitinho, ex-CSKA, da Rússia.
Se gastar para se reforçar é exceção, quando se trata de negociar a saída de jogadores o Brasil começa a saber valorizar seu produto. As cifras presentes no levantamento da CBF atingiram um valor elevado, principalmente pelas negociações de jovens talentos, como Arthur, de 22 anos. O volante deixou o Grêmio e foi para o Barcelona por mais de R$ 140 milhões.
A Copa também contribuiu para o mercado brasileiro lucrar. Valorizado pela participação no Mundial, o meia peruano Cueva foi vendido pelo São Paulo ao Krasnodar, da Rússia também, por R$ 38 milhões.
Outro fluxo migratório recorrente nos últimos meses foi para o futebol árabe. O Pyramids (clube da primeira divisão do Egito) pagou cerca de R$ 80 milhões por Keno, do Palmeiras, Rodriguinho, do Corinthians, e Carlos Eduardo, do Goiás.
Balanço
Segundo o sócio-diretor da Sports Value, Amir Somoggi, que há 15 anos analisa as finanças dos clubes brasileiros, apesar das altas cifras com transferências, os times poderiam se reorganizar melhor para distribuir esses recursos.
“O jogador brasileiro está sempre valorizado, pelo alto número de atletas que produzimos. Porém, os clubes ainda não desenvolvem tanto as receitas e vivem quase exclusivamente da venda de jogadores e de direitos de TV para equilibrar suas contas anuais”, disse.
Outro problema nas negociações está na elevada participação de empresários. O levantamento divulgado pela CBF mostra apenas o dinheiro movimentado e não a quantia que de fato vai para o cofre das equipes. “A tristeza é que os clubes se desfalcam com essas saídas, mas o grosso desse dinheiro não fica. O destino é o pagamento de comissões para os agentes desses atletas”, explicou.
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