Vasco se desculpa após cantos homofóbicos da torcida: ‘Crime’
O Vasco publicou uma nota oficial nesta segunda-feira (26) repudiando os gritos homofóbicos de sua torcida durante a vitória sobre o São Paulo por 2 a 0, no último domingo (25), em São Januário.
“O Club de Regatas Vasco da Gama lamenta e repudia qualquer canto ou manifestação de caráter homofóbico por parte de alguns de seus torcedores. Da mesma forma, a Diretoria Administrativa do Clube manifesta seu pedido de desculpas a todos que, corretamente, se sentiram ofendidos por este comportamento”, inicia a nota do clube.
O documento publicado pelo clube carioca relembrou que homofobia é crime. A decisão foi tomada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em julho, quando enquadrou homofobia e transfobia na mesma lista de crimes como racismo. O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) já havia informado que passará a analisar e punir gritos homofóbicos nos estados brasileiros pós-Copa América. A rodada do último final de semana foi a primeira a entrar em vigor a recomendação do STJD.
Segundo o UOL Esporte, o procurador-geral do STJD, Felipe Bevilacqua, já está analisando o caso para eventualmente oferecer denúncia contra o Vasco.
Jogo paralisado
A partida foi paralisada pelo árbitro Anderson Daronco, por volta dos 19 minutos do segundo tempo, após o início dos gritos homofóbicos da torcida do Vasco contra o time do São Paulo. O juiz interrompeu a partida e avisou ao técnico Vanderlei Luxemburgo que não daria reinício ao jogo até que os torcedores não parasse. O professor precisou fazer gestos para a torcida pedindo que parassem com os gritos, para enfim a bola voltar a rolar.
Leia a nota oficial do Vasco
“Em relação ao episódio registrado na partida deste domingo (25/08) contra o São Paulo, o Club de Regatas Vasco da Gama lamenta e repudia qualquer canto ou manifestação de caráter homofóbico por parte de alguns de seus torcedores. Da mesma forma, a Diretoria Administrativa do Clube manifesta seu pedido de desculpas a todos que, corretamente, se sentiram ofendidos por este comportamento.
O combate a este tipo de postura – iniciado ainda em campo, quando o técnico Vanderlei Luxemburgo, os jogadores, parte da torcida e o próprio Vasco da Gama, através do sistema de som do estádio, clamaram para que os gritos cessassem – não deve ser motivado pelo receio de punição desportiva (perda de pontos), mas, sim, por uma questão de cidadania e respeito ao próximo e cumprimento da lei.
Preconceito é crime. E se existe um Clube no Brasil historicamente habituado a levantar a voz contra qualquer tipo de discriminação este é o Vasco da Gama, dono da história mais bonita do futebol. Assim foi com a resposta histórica de 1924; assim é com os cantos que o torcedor vascaíno entoa orgulhosamente na arquibancada enaltecendo a luta do Clube a favor de negros e operários.
A plateia de um estádio de futebol e a sociedade de maneira geral passam por um processo de aprendizado e conscientização necessário para que atos de preconceito fiquem no passado – um triste passado, diga-se. A Diretoria Administrativa do Club de Regatas Vasco da Gama compromete-se em promover ações educativas neste sentido junto ao seu torcedor, certa de que encontrará em cada vascaíno um aliado no combate a qualquer tipo de discriminação. O Vasco é a casa de todos.”
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