Destaque no vôlei, Rosamaria fala sobre memes de Tóquio e projeta futuro: ‘Quero participar de mais um ciclo’

Em entrevista à Jovem Pan, oposta da seleção brasileira enalteceu o grupo, que conquistou a medalha de prata na modalidade: ‘Trabalhamos muito duro para suprir alguma ausência’

  • Por Guilherme Strabelli
  • 22/08/2021 10h00
Reprodução/Instagram @cbvolei Rosamaria Jogadora foi um dos destaques do Brasil nos Jogos de Tóquio 2020

Apesar de um ciclo olímpico conturbado em 2016, a aposentadoria de pilares e a chegada de novas jogadoras, os resultados recentes da seleção brasileira de vôlei feminino mostravam que o time ainda estava no páreo. O vice-campeonato na Liga das Nações, último torneio disputado antes das Olimpíadas de Tóquio 2020, mostrava que o Brasil viria para incomodar, o que se concretizou dentro de quadra. Com uma campanha sólida, a seleção passou pela fase de grupos invicta, e conseguiu chegar à final do torneio pela terceira vez nas últimas quatro edições, sendo derrotada pelos Estados Unidos e levando para a casa a medalha de prata. Mesmo sem o ouro, a seleção conquistou um dos principais resultados do Brasil nas Olimpíadas e diversas atletas caíram nas graças do público. Uma delas é Rosamaria Montibeller, oposta de 27 anos que joga na Liga Italiana e que fez sua estreia em Jogos Olímpicos. Misturando grandes atuações em momentos decisivos com um jeito explosivo de comemorar, a catarinense ganhou o carinho da torcida e viu seu nome ser um dos assuntos mais comentados do Twitter durante os Jogos. Em entrevista à Jovem Pan, Rosamaria falou sobre a projeção que ganhou durante as Olimpíadas, os memes envolvendo suas jogadas e projetou os próximos passos de sua carreira em seu clube e na seleção brasileira.

Ciclo conturbado e problemas em Tóquio

Na visão de Rosamaria, a falta de sequência entre os Jogos Rio 2016 e Tóquio 2020 atrapalhou a preparação. Porém, mesmo diferente do habitual, o ciclo favoreceu o fortalecimento do grupo. “Esse ciclo foi diferente pelo fato de a gente não ter tido uma sequência, uma continuidade. Normalmente a gente tem um time base durante anos, e isso não aconteceu com o nosso grupo. Cada ciclo tem uma história e acho que o nosso time acabou se fortalecendo. Acho que nem tudo tem que ser dentro do padrão. Foi um ciclo diferente, mas que resultou em uma medalha”, afirmou a atleta, que admitiu que, levando em conta os resultados de 2018 e 2019, a medalha foi algo acima do esperado pelas próprias atletas. “Foi muito merecido, mas estávamos realmente correndo por fora, e a gente soube se reinventar e se encontrar na fase mais importante, que era o momento olímpico. Talvez todas essas dificuldades que tivemos em 2018, em 2019, trouxeram a gente até aqui. O que, para quem está do lado de fora foi uma dificuldade, a gente pegou como aprendizado e crescimento para chegar bem nesse momento”, continuou a jogadora.

Além de adiar a realização dos Jogos, a pandemia de Covid-19 também afetou os times dentro das quadras, impedindo a realização de partidas e de torneios pré-olímpicos, e dificultando o entrosamento entre as equipes. “Infelizmente, acho que a pandemia tirou um ano pré-olímpico, principalmente, quando as seleções não conseguiram se reunir, não conseguiram fazer os últimos testes. Foi difícil. Perdemos em ritmo de jogo. Mesmo tendo um campeonato antes das Olimpíadas, a Liga das Nações, tenho certeza de que ficou faltando alguma coisinha, e a gente poderia ter chegado melhor como time, como entrosamento. Isso, é claro, vale para todas as seleções”, disse Rosamaria.

Os problemas da seleção também aconteceram durante os Jogos. Ainda na fase de grupos, a levantadora Macris sofreu uma lesão e ficou de fora de algumas partidas. Além disso, Tandara foi suspensa após violar uma regra antidopagem nos testes realizados em Saquarema, no Rio de Janeiro, antes das Olimpíadas. Ao falar sobre os episódios, Rosamaria exaltou o trabalho do grupo, ressaltando que todas as convocadas estavam prontas para dar o máximo quando entrassem em quadra  e fazer com que o time não sentisse as baixas. “O grupo todo se preparou bem para dar força para quem tivesse que entrar e demonstrou durante a temporada inteira que era muito fechado, que a gente ia se ajudar em qualquer momento, independentemente, de qualquer coisa que acontecesse. Todas nós trabalhamos muito duro para suprir alguma ausência, se houvesse necessidade. Então, sem elas, a gente não estava despreparada. A gente sabia que tinha treinado muito para suprir qualquer mudança. Mentalmente, a gente continuou focada no objetivo maior que era chegar ao pódio. Foi difícil, claro, mas a gente tinha isso em mente desde o início”, disse Rosamaria, que também exaltou o trabalho do técnico José Roberto Guimarães. “O Zé já vivenciou muita coisa dentro do voleibol, muitas experiências boas e ruins, e ele soube lidar e administrar bem esse momento. Ele conseguiu gerir toda essa situação da melhor maneira possível, segurar nos momentos necessários, e dar experiência e rodagem para quem precisava. Ele tem um feeling importante”, destacou a atleta.

Próximos passos

Mesmo sem ser a favorita, a seleção conquistou uma medalha importante nos Jogos de Tóquio 2020. Para Rosamaria, a medalha coroou o desempenho da equipe e projetou os próximos passos de sua carreira. A jogadora tem vontade de participar de um novo ciclo olímpico e afirmou que a experiência que ganhará nas próximas temporadas poderá ajudá-la a evoluir. “A Olimpíada é um campeonato totalmente diferente. E agora, quero tentar participar de mais um ciclo olímpico, que é mais curto. Já estamos quase no final de 2021, então são dois, três anos de preparação. Passa muito rápido. Quero tentar continuar fora do país e esse ano, na Itália, vou ter a experiência de jogar uma Champions League, que é o campeonato mais forte de clubes do mundo. Essa bagagem também será muito importante e pode me ajudar bastante”, disse Rosamaria. Vale mencionar que a jogadora já foi convocada para o Sul-Americano de vôlei, que será disputado entre 15 e 20 de setembro na Colômbia. No torneio, o Brasil buscará seu 22º título e uma vaga no Mundial de 2022.

Memes e fenômeno nas redes sociais

Durante os Jogos de Tóquio 2020, as partidas das seleções masculina e feminina de vôlei tomaram conta das redes sociais. Diversas jogadoras caíram na graça do povo, como Fernanda Garay, Gabi, Camila Brait e a própria Rosamaria. No jogo contra o Comitê Olímpico Russo, pelas quartas de final do torneio, o desempenho da oposta enlouqueceu os torcedores, que fizeram com que seu nome fosse o assunto mais comentado do Twitter durante e após a partida que garantiu o Brasil nas semifinais. Além da exaltação, surgiram diversos memes e piadas envolvendo a atleta, que disse ter achado “muito legal” o reconhecimento do trabalho dela e das companheiras de equipe, mesmo não tendo conseguido acompanhar a repercussão das partidas enquanto estava em Tóquio. “Dei muita risada com os memes. Quando eu cheguei no Brasil é que consegui ter mais noção  da proporção que tomou. É engraçado, mas, ao mesmo tempo, é o reconhecimento do trabalho não só meu, do time todo. Muito legal ver que todo mundo estava ligado. Acompanhei muito pouco, praticamente nada. O foco era outro. Quando eu cheguei ao Brasil, procurei me atualizar e foi muito legal”, afirmou a jogadora.

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