Vila Olímpica: desaquecimento imobiliário não é problema para construtoras
(corrige valor do imóvel no quatro parágrafo).
Léo Valente.
Rio de Janeiro, 18 abr (EFE).- A pouco menos de um ano para a data de entrega da Vila Olímpica dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, cerca de sete mil operários trabalham para concluir os 31 edifícios de 17 andares do complexo de 3.604 apartamentos, onde se hospedarão 18 mil atletas e membros das delegações.
As dimensões do projeto impressionam: toda a estrutura está sendo construída em um terreno de 800 mil metros quadrados localizado a quase três quilômetros do Parque Olímpico, onde a maioria das provas será disputada.
Aproximadamente 400 apartamentos já estão prontos. A data para a entrega dos outros 3.200 para Comitê Olímpico Internacional (COI) é março de 2016.
Os apartamentos têm de dois a quatro quartos, com área de 77 a 200 metros quadrados, e já estão à disposição dos compradores por um preço médio de R$ 9 mil o metro quadrado, em um momento em que o mercado não está tão aquecido como em outros períodos.
Após uma grande sequência de vendas acompanhada de uma disparada dos preços entre 2008 e 2014, o setor imobiliário se esfriou no Brasil e no Rio de Janeiro e o número de compradores diminuiu. Uma das razões é o fato das taxas de juros dos empréstimos terem alcançado 12,75%, o que encarece o financiamento.
No entanto, isso não é uma preocupação para as duas construtoras que se uniram para construir a vila olímpica em apenas três anos com recursos próprios e o financiamento da Caixa Econômica Federal, com um orçamento que não foi divulgado.
As construtoras planejam faturar R$ 4 bilhões com a venda dos apartamentos, o que deverá ser uma operação a longo prazo, segundo Maurício Cruz Lopes, diretor-geral da empresa Ilha Pura, que surgiu da união das construtoras Carvalho Hosken e Odebrecht.
“A visão sempre foi a de vender em um prazo maior. Nunca consideramos que a Ilha Pura (nome comercial da Vila Olímpica) fosse vendida totalmente em 2015 ou 2016. Sempre esteve em nosso plano de negócios que seria vendida uma quantidade de apartamentos depois das Olimpíadas”, afirmou Lopes em entrevista para a Agência Efe.
O diretor acredita que a crise econômica pela qual o Brasil passa deve “adiar um pouco” algumas das vendas, mas argumentou que as construtoras veem nos problemas uma “oportunidade” de mostrar aos clientes que a construção avançou apesar das adversidades conjunturais.
Lopes explicou que se trata de um projeto imobiliário tradicional, como outro qualquer, embora com várias diferenças: suas grandes dimensões, o curto prazo para as obras e o detalhe de que antes de entregar as chaves para o cliente o apartamento será usado pelos atletas olímpicos e paralímpicos.
Segundo Lopes, o COI não vai pagar nada para a empresa, mas se encarregará de todas as despesas durante o período dos jogos.
Para o construtor, as Olimpíadas são o principal atrativo para impulsionar as vendas e já propiciaram um grande desenvolvimento da infraestrutura nesta zona distante da Barra de Tijuca, que de outra maneira “não teria a oportunidade” de receber investimentos.
O local onde está sendo construída a Vila Olímpica era um grande terreno (onde foi realizado o Rock in Rio de 2001) perto do Riocentro e muito distante do Centro da cidade (35 quilômetros), do aeroporto Tom Jobim e da praia mais próxima, que é da própria Barra (10 quilômetros).
A Vila Olímpica ocupa um terço do terreno disponível, por isso o empresário vê grandes oportunidades para se aproveitar o restante da área “em outros dez ou quinze anos, dependendo de como estiver o mercado”.
“Se olhamos só para a Vila Olímpica, realmente o esforço que as empresas fazem e a possibilidade de lucro que podem obter é desproporcional. O esforço é muito maior. Mas, como se olha dentro de um prazo de 20 anos, vale a pena”, conclui Lopes. EFE
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