Brasil é um país “adolescente” inclusive na política, diz Ipsos
São Paulo, 22 out (EFE).- O Brasil é um país “adolescente”, inclusive no plano político, segundo os apontamentos da primeira edição do estudo “Brasil 2015, crítica e progresso”, lançado nesta quarta-feira em São Paulo pelo instituto de pesquisa de mercado independente Ipsos.
“Temos um povo adolescente. Tudo que sei é que não podemos falar a um adolescente o que ele deve fazer”, descreveu Flavio Ferrari, coordenador do Ipsos Media, sobre o cenário atual do país que, segundo ele, ainda vai continuar em um caminho de “consolidação”.
Para Ferrari, o Brasil dos turistas e do carnaval não é o mesmo reconhecido pelos seus habitantes, que estão entre a “crítica e o progresso”, o “modernismo e conservadorismo” em questões sociais e políticas.
O estudo analisa o comportamento e as perspectivas da sociedade brasileira para 2015 a fim de entender valores e clima de um dos países que está sendo inserido na lista de mercados importantes dos clientes da empresa e entre os principais aspectos está a política.
Segundo explicou à Efe o representante da área de Public Affairs, Dorival Mata Machado, esta “situação de adolescência” se estende ao momento político eleitoral do Brasil, sendo difícil identificar um avanço econômico social independente de quem venca a disputa presidencial no próximo domingo.
Para ele, a sociedade brasileira está passando por um período de encontro de identidade e tende a se tornar mais crítica, mas que durante as duas últimas semanas de disputa eleitoral identificou uma maré de “possíveis horizontes no país”: os que enxergam 2015 como um ano de “tempestades” e outros que vêem um cenário “positivo a partir de julho”.
“Acabou o momento de paixão do brasileiro. Independente de quem ganhar, vamos ter um período que a população está com um olho diferente (…) Seja lá quem ganhar, vai ter que aumentar a gasolina, ajustar a energia elátrica, a inflação vai subir e a população vai avaliar mal quem for eleito”, destacou à Efe.
De acordo com Machado, a população “está em um nível de discussão muito maior que os políticos (…) É muito triste se o político que defende o que acredita se ele não tem nada a perder”.
Outro analista do instituto, Lawrence Mills, também indicou que a maior parte da população, pertencente à “nova classe média ou classe C”, está em um período eleitoral que parece com um “embate de torcida organizada”, onde a emoção ganha o lugar da razão.
As manifestações de junho de 2013 e a realização da Copa do Mundo foram mostradas pela equipe da empresa como pontos fundamentais que delimitam a contraditoriedade do brasileiro em lutar contra alguns posicionamentos políticos, mas ainda torcer pela seleção e voltar a ficar contra ela depois da derrota para a Alemanha.
A análise do estudo é que o Brasil caminha para a criticidade, mas ainda vai precisar lidar com “grandes decisões como as eleições”, segundo os membros.
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