Anvisa conclui que morte de adolescente de São Bernardo do Campo não teve relação com a vacina
Agência segue entendimento da Secretaria de Saúde de São Paulo e atribui óbito de jovem a uma doença autoimune rara
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou na noite desta quarta a conclusão de que o caso de óbito da adolescente de 16 anos de São Bernardo do Campo não tem relação com a jovem ter recebido a dose de uma vacina da Pfizer oito dias antes. Segundo a agência, a causa do óbito da garota foi uma doença autoimune, a Púrpura Trombótica Trombocitopênica (PTT), mesmo resultado a que havia chegado a Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo na última sexta, 17. Cristiane Borges, mãe da jovem, afirma que a doença não tinha sido detectada em nenhum exame anteriormente.
A Anvisa se reuniu com técnicos da Secretaria da Saúde de São Paulo e do Ministério da Saúde para investigar o caso. Em nota, a agência informou que irá notificar o caso a Organização Mundial da Saúde (OMS) para avaliação e ressaltou que os benefícios da vacinação superam significativamente os potenciais riscos, embora casos de mortes próximas à data da imunização, como o de Isabelle, demandem que um acompanhamento seja feito para saber se a vacina teve ou não alguma relação com o caso. A vacina da Pfizer é a única autorizada para pessoas com idade entre 12 e 17 anos no Brasil.
A Secretaria da Saúde de São Paulo já havia afirmado que era um caso de doença autoimune na última sexta. “As análises técnicas indicam que não é a vacina a causa provável do óbito e sim à doença identificada com base no quadro clínico e em exames complementares, denominada “Púrpura Trombótica Trombocitopênica” (PTT)”, disse em nota a pasta, após análise conjunta realizada com 70 pesquisadores. Segundo o estado, a PTT é “uma doença autoimune, rara e grave, normalmente sem uma causa conhecida capaz de desencadeá-la, e não há como atribuir relação causal entre PTT e a vacina contra COVID-19 de RNA mensageiro, como é o caso da Pfizer”, afirmou a secretaria.
O caso da jovem foi citado pelo ministro da saúde, Marcelo Queiroga, como um dentre os eventos adversos que precisavam ser investigados ao justificar a suspensão da vacinação em adolescentes entre 12 e 17 anos sem comorbidades, em postura classificada como “intempestiva” pelo governo paulista. Segundo o ministro, a suspensão da vacinação em adolescentes entre 12 e 17 anos sem comorbidades ocorreu por uma “questão de cautela”, por considerar que as evidências científicas que demonstrariam os benefícios da vacinação para os adolescentes ainda não estão consolidadas, e que seria necessário investigar 1,5 mil eventos adversos que teriam ocorrido — ou seja, 0,042% do total de adolescentes vacinados no Brasil, de 3,5 milhões. A decisão foi criticada por sociedades médicas e secretários municipais e estaduais da saúde, que consideram um erro limitar a vacinação neste momento.
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