Bolsonaro confirma visita a países árabes: ‘Não quero problema com a Palestina’

  • Por Jovem Pan
  • 05/04/2019 17h03 - Atualizado em 05/04/2019 17h12
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Alan Santos/PR Presidente disse que "não quer problema" com a Palestina

O presidente Jair Bolsonaro confirmou a informação de que vai visitar países árabes no início do segundo semestre deste ano. O objetivo das viagens, segundo ele, é ampliar possibilidade de negócios.

O anúncio de que abriria um escritório em Jerusalém gerou críticas e mal estar entre a comunidade árabe. Na quinta-feira, 4, a Liga Árabe, organização que reúne 22 nações, condenou a decisão e disse que o Brasil violaria leis internacionais se levasse o plano adiante.

Questionado sobre o incômodo gerado pelo anúncio, Bolsonaro disse que “não quer problema com a Palestina”. Esta semana, um dos filhos do presidente também gerou mal estar ao fazer uma publicação contra o grupo Hamas, que controla a Faixa de Gaza. “Quero que vocês se explodam”, dizia o post, depois apagado, de Flávio Bolsonaro.

“Já tive encontro com vários deles (países árabes). Não existe esse afastamento nosso. O Brasil é um país que tem gente do mundo todo. E em qualquer país que eu vá tem gente do Brasil também”, disse o presidente.
“Eu não quero problema com a Palestina, o povo palestino é maravilhoso. Uma parte deles trabalha em Israel, escondidos até (…) A Comunidade árabe no Brasil é grande, alguns votaram em mim. Vamos continuar a fazer negócios com eles, vamos ampliar. Quero fazer negócio com mundo todo”, declarou Bolsonaro.

Em cenário hipotético, Bolsonaro disse que, se o Brasil não tivesse relações diplomáticas com Israel e decidisse abrir uma embaixada hoje, seria em Jerusalém, e não em Tel Aviv.

A mudança da embaixada era uma promessa de campanha do presidente, mas, por ora, ele recuou da ideia para não prejudicar as relações com países árabes. “Cada país decide onde é a sua capital. Nós não nos metemos em questões internas de país nenhum. É uma decisão nossa onde colocar a embaixada”, justificou.

Ele disse que a criação do escritório de negócios é “um passo”, assim como posicionamentos na Organização das Nações Unidas (ONU) a favor de Israel. “Não estamos mais votando seguindo a tradição de votar pró-palestina. Agora a Palestina passou a ser símbolo disso, com Hamas e Fatah lá dentro. Eu não quero problema com a Palestina, o povo palestino é maravilhoso”, disse.

Ainda sobre a política externa, citou o Mercosul como exemplo e disse que o bloco “está respirando melhor”, mas que antes da sua gestão “estava respirando por aparelhos, na UTI”. Ele insinuou que a França está dificultando o fechamento do acordo entre Mercosul e Europa por interesses próprios. Segundo ele, a França está controlando o assunto porque tem interesse em commodities, mas demonstrou interesse na assinatura do acordo.

Preocupação

Esta semana, o governo tenta reduzir os danos com a comunidade árabe e evitar que a viagem a Israel e as recentes polêmicas de Bolsonaro e seus filhos atrapalhem os negócios com esses países, principalmente no setor do agronegócio.

Bolsonaro teve uma reunião na tarde desta quinta-feira, 4, com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, após manifestações de descontentamento de ruralistas em relação à diplomacia do governo.

Ruralistas também temem que os acenos de Bolsonaro a Israel prejudiquem as relações comerciais do Brasil com os países árabes, que são alguns dos principais importadores da produção de proteína animal brasileira.

Ataques por parte do governo à China também já trouxeram preocupação ao setor. Os asiáticos são os principais compradores de soja, o principal produto exportado pelo setor agropecuário do Brasil.

*Com informações do Estadão Conteúdo

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