Auditor preso em esquema da Lava Jato deu palestra sobre combate à corrupção

Marco Aurélio Canal era um dos principais articuladores da quadrilha

  • Por Jovem Pan
  • 02/10/2019 15h11 - Atualizado em 02/10/2019 15h20
Onofre Veras/Estadão Conteúdo operacao-armadeira-policia-federal Canal foi preso nesta quarta-feira (2) na Operação Armadeira, deflagrada pelo Estado do Rio de Janeiro

Um dos principais articuladores de um esquema de extorsões dentro da própria Receita Federal, o servidor Marco Aurélio Canal, que era o supervisor de programações da Lava Jato, era bem visto entre seus pares e inclusive ministrava palestras envolvendo sua atuação junto à operação e o enfrentamento da corrupção.

Canal foi preso nesta quarta-feira (2) na Operação Armadeira, deflagrada pelo Estado do Rio de Janeiro, que teve por objetivo prender membros de uma quadrilha de servidores públicos envolvidos em extorsão e lavagem de dinheiro de réus da Lava Jato.

Em dezembro de 2016, Canal foi o último a falar no seminário “Dia Internacional do Combate à Corrupção”, realizado no Rio de Janeiro e promovido pela regional do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Sindifisco-RJ).

À época já destacado como supervisor da equipe de programação da Operação Lava Jato, ele palestrou sobre a operação, a CPI dos Fundos de Pensão e a Divisão de Fiscalização da Receita.

O auditor também mereceu nota de desagravo de seus pares em agosto deste ano. O Sindifisco publicou texto em que manifestava sua preocupação “com a instabilidade institucional suscitada com a decisão monocrática do STF de afastar dois auditores fiscais”, após determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de suspender investigação contra 133 contribuintes. Canal não era um dos afastados, mas havia sido citado.

“Os auditores fiscais das Equipes de Combate a Fraudes Fiscais (Efrau) manifestam expresso apoio (…) ao colega Marco Aurélio da Silva Canal, que, em que pese sua legítima atuação como AFRFB responsável pela seleção e programação de contribuintes a serem fiscalizados, está sendo indevidamente acusado de ação abusiva e policialesca contra ministro do STF”, dizia o texto.

A referência era ao ministro Gilmar Mendes, que em fevereiro teria tido seus dados fiscais e o de sua mulher, Guiomar Feitosa, acessados de forma indevida pela equipe de Canal.

Defesas

A reportagem pediu posicionamento ao Sindifisco-RJ, mas ainda não havia obtido retorno até a publicação desta matéria. Também não conseguiu localizar a defesa do auditor preso. O espaço está aberto para as manifestações de defesa.

*Com Estadão Conteúdo

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