Servidores investigados em esquema não atuavam diretamente na Lava Jato, diz PF

  • Por Jovem Pan
  • 02/10/2019 14h55 - Atualizado em 02/10/2019 14h58
José Lucena/Estadão Conteúdo operacao-armadeira-policia-federal Ao todo foram emitidos 14 mandados de prisão, sendo nove preventivas e cinco temporárias

O delegado da Polícia Federal Tacio Muzzi explicou, nesta quarta-feira (2), que os servidores públicos presos na Operação Armadeira, deflagrada hoje pelo Estado do Rio de Janeiro, não estavam diretamente envolvidos na Operação Lava Jato.

Nesta manhã, foram expedidos 41 mandados de busca e apreensão (ante 39 inicialmente anunciados) e envolvidos 150 policiais. Ao todo foram emitidos 14 mandados de prisão, sendo nove preventivas e cinco temporárias.

A operação teve por objetivo prender membros de uma quadrilha de servidores públicos envolvidos em extorsão e lavagem de dinheiro de réus da Lava Jato. De acordo com a Polícia Federal, a investigação começou depois que um colaborador da Operação foi instado a pagar suborno a fiscais da Receita Federal, para não ser autuado.

A investigação aponta que os funcionários da Receita extorquiam empresários alvos da Lava Jato em troca de redução ou cancelamento de multas.

Principal articulador

De acordo com a procuradora do Ministério Público Federal no Rio Marisa Ferrari, o servidor da Receita Federal Marco Aurélio Canal era um dos principais articuladores, por ser o supervisor de programações da Lava Jato.

“Detectou-se que não era episódico, era um esquema que poderia estar ocorrendo com vários outros investigados na Lava Jato”, disse Marisa Ferrari durante  coletiva de imprensa. Ela justificou as prisões temporárias pelo fato dos envolvidos continuaram a praticar crimes. “Foi apreendida uma quantidade de dinheiro em espécie com esses auditores fiscais, o que comprova que esses atos ocorreram e vêm ocorrendo até hoje”, alertou Ferrari.

Ela informou que Canal cobrou R$ 4 milhões para encerrar investigações da Federação de Empresas de Transporte de Passageiros do Rio de Janeiro (Fetransport) e foram encontrados recursos em espécie em alguns lugares investigados, sendo R$ 200 mil apenas na casa de Canal, encontrados dentro de livros.

Canal foi pivô de uma polêmica envolvendo o ministro do Superior Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, que acusou o servidor de ser o coordenador de uma operação que acessou dados da Receita Federal dele e da sua mulher.

O Ministério Público Federal no Rio pediu ao juiz Marcelo Bretas que bloqueasse R$ 13,8 milhões das contas do auditor fiscal Marco Aurélio Canal.

* Com informações do Estadão Conteúdo

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