Catador procurava madeira para construir barraco quando foi fuzilado; família processará o Estado
O catador de lixo Luciano Macedo, que morreu na manhã desta quinta-feira (18) por complicações decorrentes dos 80 disparos feitos pelo Exército contra o carro de uma família no Rio de Janeiro, reunia madeira para construir um barraco no momento em que foi alvejado. A informação é do presidente da ONG Rio de Paz, Antônio Carlos Costa, que acompanha o caso.
Em entrevista à Jovem Pan, ele contou ainda que a viúva de Macedo está grávida e não tem dinheiro para comprar o enxoval do filho. Daiana Horrara tem 27 anos e vivia com ele desde 2018. O casal esperava o primeiro bebê e tentava levantar o barraco em que morariam no bairro de Guadalupe, onde a tragédia aconteceu.
“Ela tentou levar o Luciano para uma sombra enquanto ele agonizava”, disse Antônio. “Os soldados se aproximaram e apontaram o fuzil para ela, mandando se afastar. Ela está com essa cena na cabeça até agora”.
A família irá processar o Estado pela morte do catador. O advogado João Tancredo, que atua no caso, pedirá que a mãe e a esposa sejam indenizadas e recebam uma pensão pelo crime.
Sobre o assassinato
Macedo, 28 anos, tentava ajudar a esposa e o filho do músico Evaldo Santos, de 51 anos, que se encaminhava para um chá de bebê quando o veículo em que estavam foi atingido por tiros. A mulher e a criança rastejavam para fora do carro quando o catador correu até o local para tirá-los do meio do tiroteio. Ele mesmo, porém, acabou sendo atingido por três disparos, um deles no pulmão.
Ele estava internado desde a data do fuzilamento, no último dia 7, no Hospital Estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes. O corpo foi levado no início desta tarde para o IML (Instituto Médico Legal) e deve ser sepultado no cemitério de Ricardo Albuquerque, zona norte da capital.
Dez militares do Exército foram presos após a ocorrência. Nove ainda permanecem detidos.
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