Confiantes, senadores aliados de Dilma esperam discurso mais político que técnico

  • Por Estadão Conteúdo
  • 29/08/2016 07h36
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DF - IMPEACHMENT/DILMA/PRONUNCIAMENTO - POLÍTICA - A presidente afastada Dilma Rousseff (c) faz um pronunciamento no Palácio do Planalto, em Brasília, após ser notificada de seu afastamento pelo Senado por até 180 dias após processo de impeachment, em Brasília, nesta quinta-feira, 12. 12/05/2016 - Foto: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO Estadão Conteúdo Dilma Discurso - Impeachment

Senadores da oposição estão reunidos no apartamento funcional de Lidice Da Mata (PSB-BA), na noite deste domingo, para afinar a estratégia que vão adotar no interrogatório da presidente afastada Dilma Rousseff. Antes das perguntas dos parlamentares, Dilma terá 30 minutos para fazer a sua defesa no plenário.

Segundo os oposicionistas, a presidente afastada deve aproveitar o momento fazer uma retrospectiva e mostrar indicadores de sua gestão, falar sobre a ideia de um plebiscito para convocar novas eleições e também declarar que está em curso um golpe parlamentar. O tom deve ser mais político do que técnico.

Primeira senadora a chegar para a reunião, Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) afirmou que estão no radar da oposição 13 senadores que poderiam mudar de ideia e apoiar Dilma. O senador Paulo Paim admitiu que os aliados da presidente estão dialogando com pelo menos oito indecisos. “Se têm oito senadores indecisos, é natural que os dois lados estejam trabalhando com eles. Acreditamos que ainda é possível reverter votos”, comentou.

Para Lindbergh Farias, a fala de Dilma será “contundente” e vai representar “o ponto da virada” no processo. Ele acredita que o discurso terá forte impacto na sociedade, o que deve repercutir no Senado. “A sessão de amanhã vai ser muito tensa, é um momento muito dramático para o Brasil(…) Amanhã as pessoas vão entender a Dilma como vítima de um golpe político.”

O senador considera que bastariam seis votos de indecisos para Dilma reverter a situação e convencer ainda mais parlamentares a votarem contra o impeachment. “Se têm seis, a turma vai, caso contrário é difícil”, disse. Lidice da Mata disse que tem muita esperança de reverter esses votos. “Será a extraordinária a presença de Dilma. Muitos acharam que ela não viria, mas ela demonstrará coragem até o último momento para enfrentar as dificuldades e a trama que se colocou contra ela”, disse a senadora.

Segundo Paim, Dilma vai mostrar indicadores dos últimos 13 anos em que os petistas estiveram no poder e compará-los com gestões anteriores. “Eles (governistas) sempre falam que o PT quebrou o País, vamos mostrar o contrário.” Paim afirmou que cedeu a sua vaga de primeiro inscrito do dia para a senadora Katia Abreu porque, entre outras coisas, ela vai falar sobre os avanços do governo Dilma na área da agricultura, pasta que já foi comandada por ela. Para Lindbergh Farias, a escolha da senadora é simbólica não só pelo fato de Katia ser ex-ministra da presidente, como também por ser mulher.

Os senadores também estão dialogando com aliados de Temer para inverter a ordem dos discursos e intercalar a fala de quem é contra e a favor do impeachment. Segundo Vanessa, os parlamentares ainda estão negociando para tentar modificar ao menos o início da lista de inscrição, que considera estar muito desigual. “Não é para evitar o embate, e sim para equilibrar o jogo. Se não é bom para nós, também não é bom para eles. Já levamos essa proposta, estamos dialogando desde ontem”, contou.

Lindbergh considera que o principal destaque do interrogatório será o “rali de perguntas dos senadores”, que terão 5 minutos cada para questionar Dilma. “Eu quero ver o que o Aécio Neves vai perguntar para ela”, provocou, citando a última disputa residencial entre o tucano e a petista. Sobre a possível abstenção do PMDB, que deve evitar fazer perguntas por ter participado do governo, o petista classificou como “absurdo e desmoralizante”. (Julia Lindner)

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