Duque de Caxias tem corpos acumulados em corredores de hospital

  • Por Jovem Pan
  • 27/04/2020 12h50
MAURO SCROBOGNA/DIA ESPORTIVO/ESTADÃO CONTEÚDO Paciente internado na Itália A prefeitura disse que cobrou a remoção dos corpos da empresa e denunciou a concessionária por crimes

Ao menos 15 corpos foram retirados dos corredores do Hospital Municipal Moacyr do Carmo, em Duque de Caxias, na baixada fluminense, nesta segunda-feira (27). A estimativa é que dez sejam vítimas do novo coronavírus.

Segundo a prefeitura de Duque de Caxias, o hospital atendeu, na semana passada, em média 300 pacientes diariamente com sintomas relacionados à covid-19. A taxa de mortalidade por sintomas respiratório ficou em torno de 1,5%. Porém, na sexta-feira (24), esse índice chegou a 3%.

“Vale ressaltar que não é uma prática comum na unidade o acúmulo de corpos no corredor do hospital. O que ocorreu neste sábado (25) foi um episódio isolado devido à irresponsabilidade da concessionária que administra os cemitérios da cidade, que demorou horas para atender a solicitação de retirar os corpos da unidade”, informou a prefeitura.

De acordo com a prefeitura, no sábado, funcionários encontraram “corpos amontoados, abandonados pela concessionária no necrotério do Hospital Municipal Dr. Moacyr Rodrigues do Carmo, acondicionados de maneira perigosa, oferecendo grande risco para os servidores e demais pacientes internados na unidade”.

Os cinco cemitérios de Duque de Caxias são administrados pela concessionária AG-R Obelisco Serviços Funerários. A prefeitura disse que cobrou a remoção dos corpos da empresa e denunciou a concessionária por crimes como sonegação fiscal, desrespeito ao meio ambiente também e descaso.

“Trata a morte dos cidadãos com desprezo, aumentando o sofrimento dos caxienses que precisam se despedir dos seus entes queridos”, informa a prefeitura.

Em nota, concessionária AG-R disse que a retirada dos corpos foi feita assim que solicitada pelo poder público, e que, como empresa privada, não tem “qualquer ingerência sobre a administração do Hospital Dr. Moacyr do Carmo”.

“Nos causa muita estranheza o fato da prefeitura ser a administradora do hospital e reclamar conosco sobre corpos encontrados em seu próprio necrotério. O hospital não recebe corpos, recebe pacientes, acolhe pessoas vivas. Os corpos que estão lá são de pessoas que morreram naquele nosocômio [hospital], disse a empresa.

A concessionária destacou que, apesar de não constar como obrigação contratual, está mantendo desde sábado uma equipe no hospital municipal, “devido aos recentes episódios de aparente desorganização da administração pública”.

“Resta clara a má fé da Prefeitura em manchar a imagem da empresa que está tomando as providências que deveriam ser tomadas pela administração pública, tais como investimento que fizemos em contêiner frigorífico para guardar separadamente os corpos com suspeita ou confirmação de morte por covid-19”, acrescenta a nota da empresa.

A concessionária ressaltou que está preparada para os atendimentos, mantendo uma reserva estratégica de vagas e um estudo diário da evolução da demanda. Também informou que está em dia com todas as obrigações fiscais, bem como ambientais, e ganhou um processo com liminar contra a prefeitura.

Um cemitério público foi construído na cidade, com 7 mil gavetas, mas ainda aguarda autorização para entrar em funcionamento com serviços gratuitos. Segundo o balanço do domingo (26), Duque de Caxias é o terceiro município fluminense com 300 casos confirmados e 63 vítimas.

*Com informações da Agência Brasil

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