Em depoimento a Moro, Meirelles diz que Lula não interferia em trabalho do BC

  • Por Estadão Conteúdo
  • 21/06/2017 15h05 - Atualizado em 29/06/2017 00h57
WAS10. WASHINGTON DC (EE.UU), 07/10/2016.- El Ministro de Hacienda de Brasil, Henrique Meirelles, habla hoy, viernes 7 de octubre de 2016, en una rueda de prensa en el Ronald Reagan Trade Center en Washington (EE.UU.), en el marco de las reuniones anuales del Fondo Monetario Internacional y el Banco Mundial. El Ministro Meirelles dijo que la economía de su país esta registrando un impulso de confianza con las reformas anunciadas en el congreso con el fin de dejar atrás la aguda recesión. EFE/LENIN NOLLY. EFE/LENIN NOLLY Henrique Meirelles - EFE

Em novo depoimento ao juiz Sérgio Moro na condição de testemunha, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, voltou a afirmar que o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva não interferia em seu trabalho à frente do Banco Central entre 2003 e 2010. Em resposta a perguntas feitas pela defesa de Lula, Meirelles negou que o petista tenha feito qualquer interferência sobre a aplicação pela autoridade monetária de normas de prevenção à lavagem de dinheiro. 

Em depoimento que durou apenas cerca de cinco minutos, Meirelles disse a Moro que não tinha nada a retificar ou acrescentar a um primeiro depoimento, prestado no começo de março. Questionado pela defesa de Lula, ele reafirmou que tinha independência para comandar o BC nos governos do petista. 

“Quando conversamos pela primeira vez e ele me convidou para ser presidente do Banco Central, eu coloquei essa independência como uma das condições. Durante o curso da administração, isso foi respeitado na medida em que todas as decisões que foram tomadas pelo BC naquela oportunidade prevaleceram e na medida em que ele me manteve no cargo”, repetiu Meirelles.

Combate à lavagem de dinheiro

Perguntado então se essa independência permitiu ao BC aprimorar o combate à lavagem de dinheiro, o ministro respondeu que a autoridade monetária definiu em 2005 e 2006 a aplicação dessa lei pelo sistema financeiro.

“Foram feitas normas estabelecendo que deveriam ser comunicadas ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) movimentações atípicas e movimentações em moeda corrente acima de determinados valores, além da comprovação da origem dos recursos. Portanto, sim, foram editadas normas durante esse período, como é a prerrogativa do Banco Central”, citou o ministro.

Segundo ele, Lula não interferiu na aplicação dessas normas. “Eu não me lembro sequer de ter conversado sobre isso com ele, francamente. Não posso afirmar que tenha conversado a respeito, mas certamente não houve interferência”, enfatizou o atual ministro da Fazenda. 

Padrões internacionais

Meirelles confirmou ainda que a regulamentação do BC sobre o combate à lavagem de dinheiro seguiu os padrões internacionais. O ministro disse também que a autoridade monetária sempre foi considerada rigorosa na aplicação dessa lei. 

Ele havia deposto em março como testemunha na investigação sobre o tríplex do Guarujá (SP). Nesta quarta-feira, 21, o depoimento ocorreu no âmbito da ação sobre a sede do Instituto Lula, em São Paulo.

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