Empresário ligado a Dirceu diz que saques de altos valores pagaram lua de mel

  • Por Estadão Conteúdo
  • 22/06/2016 08h37
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Wilson Dias/Agência Brasil - 15/12/2010 Ex-ministro da Casa Civil José Dirceu

O empresário Flávio Henrique de Oliveira Macedo, um dos donos da Credencial Construtora Empreendimentos e Representações, principal foco da Operação Vício, pertencente à 30ª fase da Lava Jato, declarou à Polícia Federal que realizou saques de altos valores, entre R$ 50 mil a R$ 90 mil, para cobrir despesas “com casamento e lua de mel”.

Macedo, preso preventivamente, no último dia 24 de maio, depôs, na passada segunda-feira (21), na Polícia Federal de Curitiba, base das investigações. Ele foi questionado pelos oficiais sobre os saques em espécie que fazia com seu sócio, Eduardo Meira.

Segundo a PF e a Procuradoria da República, a Credencial foi utilizada para viabilizar o pagamento de propina ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (Governo Lula) e seu irmão, o advogado Luiz Eduardo de Oliveira e Silva.

As apurações creem que a Credencial recebeu mais de R$ 30 milhões, não declarou nenhum empregado e os sócios sacaram, na boca do caixa, a maior parte dos recursos.

Em seu depoimento, o executivo disse, nos registros, “que realizou saques de altos valores, cerca de R$ 50 mil a R$ 90 mil, para arcar com despesas de construção de sua residência, que foi iniciada em 2007 e concluída em 2013, além de despesas com casamento, lua mel etc.”

Para a força-tarefa, há indicativos de que a companhia é uma empresa de fachada. A sede declarada da empresa, no bairro do Sumaré, na zona oeste de São Paulo, é o endereço residencial de Eduardo Meira.

Os donos foram os únicos presos da Operação Vício. Eduardo Aparecido de Meira e Flávio Henrique de Oliveira Macedo estão presos em Curitiba. Segundo as autoridades, a empresa transferiu valores para o grupo político do PT que mantinha Renato Duque na Diretoria de Serviços da Petrobras.

A Procuradoria sustenta que o advogado Luís Eduardo Oliveira e Silva, irmão de Dirceu, indicou ao lobista Julio Camargo a Credencial para fazer o repasse de propinas. Segundo Camargo, a propina de 25% para Dirceu saiu de um total de R$ 6,679 milhões, valor repassado “sem causa” para a pessoa jurídica.

A PF aponta “fortes indicativos” da participação do ex-ministro da Casa Civil e de Renato Duque nos ilícitos. Ambos foram recentemente condenados pelo juiz federal Sérgio Moro a penas de 23 anos e 10 anos de prisão, respectivamente. A sentença de Dirceu foi reduzida para 20 anos de prisão por ele ter 70 anos de idade.

Renato Duque também já foi condenado em outras duas ações penais. A soma das sanções a ele aplicadas chega a 50 anos, 11 meses e 10 dias de prisão. O criminalista Roberto Podval afirma que o ex-ministro nunca recebeu propinas.

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