Filha de Flordelis diz ter dado R$ 5 mil para irmã matar Anderson do Carmo
Advogado do pastor afirma que depoimento de Simone dos Santos é ‘manobra’ para proteger Flordelis
A filha da deputada Flordelis, Simone dos Santos Rodrigues, afirmou ter dado R$ 5 mil para sua irmã, Marzy Teixeira, matar o pastor Anderson do Carmo, assassinado em 16 de junho de 2019 após ser atingido por mais de 30 tiros na garagem de casa. A suspeita, no entanto, disse desconhecer se a irmã teria, de fato, contratado alguém para planejar o crime. Durante o depoimento em audiência realizada nesta sexta-feira, 22, no Fórum de Niterói, no Rio de Janeiro, Simone disse que a atitude foi em função do desespero pelas tentativas de abuso sexual por parte de Anderson. “Dei R$ 5 mil para Marzy, disse que não aguentava mais. Pedi para ela me ajudar. Disse que estava passando por maus momentos. Não havia um plano. Só estava desesperada. Todos os dias ele subia no meu quarto de manhã e à noite. Mas eu nem acreditava que ela [Marzy] teria coragem de fazer isso de fato. Entreguei a ela o dinheiro e depois não soube de mais nada”, afirmou.
De acordo com o advogado de Anderson do Carmo, Ângelo Máximo, que esteve na audiência desta sexta-feira, as acusações de abuso sexual são inverídicas e fazem parte de uma “manobra” dos advogados para proteger a deputada federal Flordelis, apontada como mandante do crime. “Simone nunca disse que sofria assédio do Anderson. Pelo contrário, sempre foi ventilado, mas não foi provado, que o Anderson teria abusado sexualmente da filha dela. Sempre se ventilou isso nas investigações, mas também não foi provado. Agora, para justificar uma manobra que a defesa vem fazendo para tentar proteger Flordelis e tirar dela a responsabilidade de ser mandante do crime conforme disse as investigações, ela veio com o assunto que deu R$ 5 mil para Marzy e que sofria o assédio sexual.”
Ângelo Máximo destacou que, embora tenha confessado ter dado o dinheiro para a irmã, Simone dos Santos Rodrigues não assumiu ter encomendado a morte do pastor. “São palavras da defesa dela que tem o objetivo claro de proteger a Flordelis, colocando palavras e responsabilidade na boca da acusada sem a acusada ter dito isso em seu interrogatório. Em momento nenhum ela disse ‘eu fui a mandante do crime’, em momento nenhum a Simone disse que praticou o crime em exercício da ampla defesa. O que eu vejo é o objetivo não de defender seus assistidos, mas de proteger a Flordelis e tirar dos ombros da acusada essa responsabilidade penal. Eles querem tirar esse impacto da Flordelis para tentar aliviar o processo de quebra de decoro parlamentar dela em Brasília. É isso que as defesas estão fazendo.”
O advogado de Anderson do Carmo nega que as declarações de Simone possam mudar o rumo das investigações e inocentar a deputada federal. Em entrevista à Jovem Pan, ele afirmou que a suspeita Marzy Teixeira, filha adotiva do casal, disse que os fatos narrados na denúncia são verídicos, o que, para ele, confirma a responsabilidade de Flordelis como cabeça do assassinato. “A Marzy, quando a juíza pergunta se os fatos narrados são verdadeiros, diz que são verdadeiros. A denúncia narra que a Flordelis é a mandante do crime”, disse. Segundo o advogado, as audiências estão encerradas. Após diligências das defesas envolvidas, o caso deve passar para alegações finais e, posteriormente, sentença. Além da deputada e das filhas Simone e Marzy, outras cinco pessoas são suspeitas de participar do assassinato.
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