Guedes: Brasil pode virar uma Argentina ou uma Venezuela se Previdência não passar

Estadão Conteúdo O ministro da Economia, Paulo Guedes

Embora tenha “absoluta confiança” de que a reforma da Previdência de R$ 1,2 trilhão será aprovada, o ministro da Economia, Paulo Guedes, projetou um futuro bastante pessimista, caso as mudanças na aposentadoria correspondam a uma economia muito inferior a esse valor.

Em entrevista à revista Veja, Guedes afirmou que, no curto prazo, o Brasil pode virar uma Argentina, com 30% a 40% de inflação, e que, a médio prazo, e antes de o governo acabar, pode chegar a se tornar uma Venezuela, com desabastecimento, inflação alta, dólar explodindo, zero investimento, desemprego elevado, atraso de salários, atraso de pagamentos a aposentados e pensionistas.

Segundo Guedes, se o Congresso Nacional aprovar algo com uma economia menor do que R$ 800 bilhões, seria um “remendo da velha Previdência”. Ele disse que avisou o presidente de que uma “reforminha dói pouco, mas ela interessa aos seus opositores”. De acordo com Guedes, Jair Bolsonaro compreendeu. Se, de fato, a reforma da Previdência aprovada tiver uma economia menor do que R$ 800 bilhões, Guedes afirmou ainda que renuncia ao cargo.

“Deixa eu te falar um negócio que é importante. Eu não sou irresponsável. Eu não sou inconsequente. Ah, não aprovou a reforma, vou embora no dia seguinte. Não existe isso”, disse. gora, posso perfeitamente dizer assim: ‘Olha, já fiz o que tinha de ter sido feito. Não estou com vontade de ficar, vou dar uns meses, justamente para não criar problemas, mas não dá para permanecer no cargo’. Se só eu quero a reforma, vou embora para casa. Se eu sentir que o presidente não quer a reforma, a mídia está a fim só de bagunçar, a oposição quer tumultuar, explodir e correr o risco de ter um confronto sério pego o avião e vou morar lá fora”, afirmou o ministro.

Guedes, porém, está confiante de que a reforma com uma economia de mais de R$ 1 trilhão será aprovada e que, a partir disso, serão feitas as revisões de crescimento para cima. “Tenho absoluta confiança em que vai sair a reforma de R$ 1 trilhão e que as revisões de crescimento para cima serão feitas a partir da reforma, que vai clarear um horizonte fiscal por dez anos. É evidente que ela vai deflagrar ondas de investimento interno e de poupança externa. Hoje tem uma nuvem negra no Brasil. Na Argentina já é uma tempestade e na Venezuela é um furacão.”