Legendas priorizam campanhas de capitais em divisão de recursos
Na primeira eleição sem financiamento de empresas no País, candidatos a prefeito das principais cidades cobram das direções dos partidos prioridade no repasse dos recursos do Fundo Partidário para bancar suas campanhas. Concorrentes têm esbarrado nos critérios que as cúpulas das legendas começam a definir para o rateio da verba, que totalizará R$ 819 milhões neste ano.
Dirigentes de pelo menos cinco partidos – PSDB, DEM, PP, PSB e PR – afirmam que pretendem atender principalmente campanhas a prefeito em capitais e em importantes cidades para as cúpulas.
O secretário-geral do PSDB, deputado Silvio Torres (SP), afirmou que a legenda fez uma poupança com recursos do fundo. Os tucanos devem ter quatro candidatos à reeleição em capitais: Arthur Virgílio (Manaus), Zenaldo Coutinho (Belém), Rui Palmeira (Maceió) e Firmino Filho (Teresina). Ele admitiu pressão da campanha de João Doria, em São Paulo, por recursos. “O teto é o mesmo para todo mundo, (a campanha de Doria) está reivindicando, assim como todos reivindicarão”, afirmou. “O recurso não é suficiente para contemplar cada um dos Estados”.
O PSB segue a mesma lógica. “Os recursos são mínimos porque não é essa finalidade do fundo. Por isso, vamos ver se conseguimos ajudar os candidatos nas capitais e nas maiores cidades, onde tem televisão, para que eles não deixem de aparecer”, afirmou o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira.
Para o PR, o tamanho da cidade vai definir a distribuição do fundo. “Temos candidatos em Manaus, Boa Vista, Goiânia e Belo Horizonte. Vamos reunir a Executiva Nacional no início de agosto para definir os valores. A ideia é fazer uma avaliação de acordo com o tamanho das cidades. A única decisão que temos, no momento, é que vamos colaborar”, disse o presidente nacional, Antônio Carlos Rodrigues.
O presidente do DEM, senador Agripino Maia (RN), que também disse ter feito uma poupança de olho nas eleições, afirmou que os recursos serão distribuídos sob a orientação dos deputados. Não haverá privilégio para a campanha de ACM Neto. “Vai ter para todos”, disse.
O comando do PP também pretende dar autonomia para os deputados federais escolherem onde investir os recursos do fundo. “O foco poderia ser nas capitais, mas será na indicação dos parlamentares”, afirmou o ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP), tesoureiro licenciado do partido.
Sem recursos
Somente o PMDB não fará repasses para candidatos, de acordo com seu tesoureiro, o senador Eunício Oliveira (CE). “O PMDB não tem dinheiro para financiar ninguém”, disse. “Quem está falando de Fundo Partidário para bancar campanha está mentindo, não tem como usar esse recurso para financiar candidatos.”
Publicamente, dirigentes do PT disseram que não definiram os critérios dos repasses – neste ano foram R$ 49 milhões do fundo. “Vamos discutir ainda, os recursos são poucos e parcos”, disse o tesoureiro petista, Márcio Macedo. Em privado, há quem diga que a cúpula petista apoiará principalmente a campanha à reeleição de Fernando Haddad em São Paulo.
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