Lula, FHC e Maia apoiam Dilma após provocações de Bolsonaro

Ex-presidente respondeu ‘ironia’ do chefe de Estado e o chamou de ‘fascista’, ‘sociopata’ e ‘defensor da tortura’

  • Por Jovem Pan
  • 29/12/2020 16h07 - Atualizado em 29/12/2020 16h11
Estadão Conteúdo Lula e Dilma ROusseff Para Luiz Inácio Lula da Silva, o "Brasil perde um pouco de sua humanidade a cada vez que Jair Bolsonaro abre a boca"

Depois de ironizar a tortura sofrida por Dilma Rousseff no período em que foi presa, em 1970, durante a ditadura militar, autoridades públicas se manifestaram em apoio à ex-presidente. No Twitter, o ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva escreveu que o “Brasil perde um pouco de sua humanidade a cada vez que Jair Bolsonaro abre a boca. Minha solidariedade a presidenta @dilmabr, mulher detentora de uma coragem que Bolsonaro, um homem sem valor, jamais conhecerá”. Para seu antecessor, ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, brincar com a tortura de Dilma ou de qualquer pessoa é inaceitável. “Minha solidariedade a ex Pr Dilma Rousseff. […] Concorde-de ou não com as atitudes políticas das vítimas. Passa dos limites”, declarou.

Para o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, a atitude do presidente Jair Bolsonaro demonstra que falta ao líder do Executivo dimensão humana. “Tortura é debochar da dor do outro. Falo isso porque sou filho de um ex-exilado e torturado pela ditadura. Minha solidariedade a ex-presidente Dilma. Tenho diferenças com a ex-presidente, mas tenho a dimensão do respeito e da dignidade humana”. O presidente nacional da OAB, Felipe Santa Cruz, também se pronunciou. “Pense em um homem que no meio de uma onda de feminicídios debocha de um mulher presa e torturada. Esse sujeito existe e, pior, preside o Brasil”, escreveu.

Na manhã de segunda-feira, 28, o atual chefe do Executivo ironizou a tortura sofrida por Dilma no período em que foi presa, em 1970, durante a ditadura militar. A apoiadores, Bolsonaro cobrou que lhe mostrassem um raio X da adversária política para provar uma fratura na mandíbula. No mesmo dia, a ex-presidente rebateu as provocações por meio de uma nota à imprensa. “Bolsonaro não respeita a vida, é defensor da tortura e dos torturadores, é insensível diante da morte e da doença, como tem demonstrado em face dos quase 200 mil mortos causados pela Covid-19 que, aliás, se recusa a combater. A visão de mundo fascista está evidente na celebração da violência, na defesa da ditadura militar e da destruição dos que a ela se opuseram”.

Ainda em nota, Rousseff declarou que os insultos direcionados a ela também recaem sobre as milhares de vítimas torturadas e mortas na ditadura militar. “Muitos dos quais sequer tiveram o direito de enterrar seus entes queridos. Um sociopata, que não se sensibiliza diante da dor de outros seres humanos, não merece a confiança do povo brasileiro”. As provocações à ex-presidente não são novas. Em 2016, durante a votação de impeachment da ex-presidente, Jair Bolsonaro chegou a exaltar o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, primeiro militar condenado por sequestro e tortura durante a ditadura, o chamando de “o pavor de Dilma.”

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