Lula tinha forma “bem-humorada” de falar caixa 2, diz João Santana

  • Por Estadão Conteúdo
  • 11/05/2017 17h39
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Reprodução/ Youtube João Santana - REP

“O presidente Lula tinha também uma forma bem-humorada de tratar dos pagamentos por fora que estavam em atraso. Para demonstrar que estava preocupado (…) vez por outra pergunta a João: ‘E aí, os alemães têm lhe tratado bem?’ (os alemães, no caso, era a Odebrecht)”, disse João Santana em sua delação premiada, que veio a público nesta quinta-feira (11).

A partir de agora, o que foi dito à Lava Jato pode ser usado como base para a abertura de inquéritos ou reforçar investigações já em curso.

De acordo com João Santana, tanto Lula como a ex-presidente Dilma Rousseff sabiam que os atrasos nos pagamentos feitos ao casal se referiam a recursos não contabilizados. Segundo Santana, a primeira abordagem direta com Lula sobre caixa 2 se deu em 2009, “no episódio de ajuda à campanha de Mauricio Funes, em El Salvador, quando ele mandou João procurar diretamente Emilio Odebrecht”.

Já com Dilma Rousseff, o tema teria sido abordado em “várias oportunidades” durante o seu primeiro mandato. “Isso ocorreu, por exemplo, quando ela informou João no primeiro semestre de 2014 que havia viabilizado um meio de saldar, antecipadamente, todo o pagamento não oficial da sua campanha de reeleição. Algo em torno de R$ 35 milhões. A operação, segundo Dilma informou a João, seria articulada por Guido Mantega, por fora, sem registro contábil. Todavia isso não se efetivou”, disse na delação.

De acordo com o marqueteiro, o tema caixa 2 e depósitos no exterior foram abordados ainda mais diretamente em setembro de 2014, quando Dilma perguntou se os depósitos no exterior feitos pela Odebrecht foram feitos de forma segura.

A mesma pergunta teria sido feita por Dilma Rousseff à empresária Mônica Moura, em novembro de 2014, quando a chamou às pressas para um encontro em Brasília.

Defesa

Procurada pela reportagem, a assessoria do ex-presidente Lula informou que não vai comentar “declarações de pessoas que buscam benefícios judiciais” e que “delações, pela legislação brasileira, não são provas”. Já a assessoria de Dilma Rousseff informou que a defesa da petista ainda não teve acesso aos autos e que deve se pronunciar até o final do dia.

Procurada, a defesa de Mantega ainda não foi localizada. Em depoimento à Justiça Eleitoral, Guido Mantega disse que não pediu ao empreiteiro Marcelo Odebrecht doações nem para o PT nem para a campanha de Dilma ao governo em 2014. Mantega negou que tenha se envolvido na captação de recursos da campanha e sustentou que a participação foi restrita à formulação de propostas econômicas e à preparação de respostas para debates eleitorais da ex-presidente.

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