Mineradora norueguesa admite ter contaminado Rio no Pará
As autoridades brasileiras suspeitam que a empresa contaminou a água do município de Barcarena, onde se situa a fábrica, com resíduos de bauxita que teriam transbordado do depósito da empresa depois de fortes chuvas nos dias 16 e 17 de fevereiro.
O governo brasileiro impôs ao grupo norueguês, em fevereiro, duas multas de R$ 20 milhões cada uma. A primeira, por “atividades potencialmente contaminantes sem licença válida” e a segunda por “operar um duto de drenagem sem licença”.
Um juiz do Pará também obrigou a empresa a reduzir em 50% a produção de sua fábrica de alumínio, que é considerada a maior do mundo. De acordo com o Instituto Evandro Chagas, de Belém, ligado ao Ministério da Saúde, a “lama vermelha” registrada depois das chuvas pode representar riscos para pescadores e outras comunidades amazônicas próximas da fábrica, que usam, para beber e para tomar banho, essa água com níveis elevados de alumínio e metais tóxicos.”
De acordo com a empresa, o derramamento não está relacionado com o episódio meteorológico de meados de fevereiro. “Toda a água de chuva e de superfície da refinaria da Alunorte deveria ter sido levada para o sistema de tratamento de água”, disse a companhia
A Norsk Hydro encarregou de uma auditoria independente a consultoria SGW Services para esclarecer o caso e, na sexta-feira, 16, anunciou um investimento de 500 milhões de coroas, o equivalente a cerca de R$ 270 milhões.
O grupo Norsk Hydro é dono de 92,1% da Hydro Alunorte, que produz 5,8 milhões de toneladas anuais de alumina, ou óxido de alumínio. Extraída da bauxita, a alumina é a principal matéria prima para a produção de alumínio.
As ações da Norsk Hydro na bolsa de Oslo caíram 1,11% nesta segunda-feira, 19, acumulando uma perda de 15,8% do seu valor em um período e um mês.
A gestão dos rejeitos de mineração se tornou um tema sensível no Brasil, que em 2015 viveu a pior tragédia ambiental de sua história, quando se rompeu a barragem que continha quase 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos na região de Mariana, em Minas Gerais.
Na ocasião, um “tsunami” de lama matou 19 pessoas, arrasou várias localidades e percorreu mais de 600 quilômetros pelo Rio Doce até chegar ao oceano Atlântico, devastando a fauna e a vegetação em seu caminho.
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.