Transplantes de órgãos crescem no Brasil, mas seguem abaixo do período pré-pandemia
Ministério da Saúde lança campanha para incentivar doações, com expectativa de identificar melhor os pacientes com morte cerebral e convencer familiares
O número de transplantes de órgãos e tecidos apresentou crescimento de 14% no Brasil entre janeiro e junho de 2021, relativo ao mesmo período de 2020. No entanto, os números ainda são abaixo do que era realizado em 2019, antes da pandemia de Covid-19: foram 10.363 órgãos e tecidos transplantados em 2021, contra 9.052 em 2020 e 13.302 transplantes em 2019. Os dados foram apresentados pelo Ministério da Saúde na abertura da Campanha Nacional de Incentivo à Doação de Órgãos e Tecidos nesta segunda, 27. De acordo com o Ministério, 53.218 pessoas esperam por um transplante no Brasil, e as maiores filas de espera são de rim (31.125 pessoas), córnea (19.115) e fígado (1.905).
A intenção da pasta é aumentar o número de transplantes agindo através de dois eixos: identificar 100% dos pacientes com morte cerebral e reduzir a recusa familiar. Atualmente, cerca de 23% das pessoas com morte encefálica não são identificadas como tal enquanto os órgãos podem ser utilizados e 37,8% das possíveis doações não ocorrem por vontade das famílias da pessoa falecida. “São trabalhos muito intensos e é diretamente proporcional ao acolhimento e entrevista. Não podemos trabalhar com profissionais que não tenham treinamento e não sejam profissionalizados. Esse é um trabalho muito técnico. É necessário que façamos uma educação continuada para mudar a realidade”, afirmou a coordenadora do Sistema Nacional de Transplante do Ministério da Saúde, Arlene Terezinha Badoch, que também disse que será feito um trabalho para melhorar o acesso e a qualificação, de forma que os pacientes consigam chegar precocemente a um centro capaz de fazer a cirurgia.
O trabalho também buscará avisar para que, quem tenha vontade doar, deixe isso claro aos parentes antes de falecer. “Após [a pessoa] se convencer, ela precisa entender que isso não basta. Ela precisa conversar com a família. A legislação do Brasil diz que a palavra final para doação de órgãos não é da pessoa. Então não basta estar registrado na sua Carteira Nacional de Habilitação, ter um registro em cartório. A família é quem tem que aprovar e dar a palavra final de doação”, destacou Rodrigo Cruz, ministro da saúde substituto enquanto Marcelo Queiroga se recupera da Covid-19.
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