Odebrecht quer alguns dias para pagamento de dívida
Circula, no entanto, uma interpretação de que a empresa pode ter 30 dias de carência (o chamado período de cura) para escapar do default, apesar de o contrato explicitar que, não havendo o pagamento do principal, uma situação real de calote está configurada e a dívida pode ser acelerada. Fontes ligadas à construtora garantem que, mesmo que o acordo não seja fechado até amanhã, a empresa vai fazer o pagamento.
Os detentores dos títulos da OEC já estavam preparados para ficar sem o pagamento na tarde dessa segunda-feira, 23, já que o grupo não havia concluído a negociação de um empréstimo com bancos. Os bônus perpétuos da construtora Odebrecht, que têm maior liquidez, operaram ontem no exterior embutindo tal perspectiva. Não há negócios com os bônus que estão vencendo e é baixíssimo o volume de negócios há algum tempo.
A Odebrecht ainda tenta convencer Banco do Brasil, Santander e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a abrir mão da preferência das ações da Braskem que foram dadas como garantias em outro empréstimo. Isso porque Bradesco e Itaú Unibanco concordaram em emprestar até R$ 2 bilhões em recursos novos para o grupo, desde que passassem a ter prioridade nesses papéis, que foram oferecidos como garantia. Segundo fontes, as conversas tiveram algum avanço no final da tarde dessa segunda-feira. Mas o Banco do Brasil mantém a premissa de que não vai enfraquecer suas garantias.
Procurada, a Odebrecht S.A. afirmou que continua empenhada na negociação com os bancos de seu relacionamento. “Por sua dimensão e pelo número de bancos envolvidos, trata-se de uma negociação complexa e demorada. Esta é uma operação de caráter estruturante para a Odebrecht e que ao mesmo tempo beneficiará todos os credores.” A Odebrecht Engenharia e Construção, por sua vez, informou também que continua a concentrar esforços para honrar seus compromissos de curto e longo prazos.
Envolvida na Lava Jato, a empresa teve um baque nas receitas. A construtora, que era a segunda maior fonte de recursos do grupo, despencou. Em 2014, o estoque de projetos em carteira era de US$ 33,8 bilhões. Até setembro passado, havia recuado para US$ 14,4 bilhões.
O aporte que vem sendo negociado com os bancos seria usado para quitar a dívida atual e dar fôlego para a empresa se estruturar. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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