ONU denuncia mortes de indígenas no Brasil e pede medidas ‘urgentes’

  • Por Estadão Conteúdo
  • 22/06/2016 13h00
Marcelo Camargo/Agência Brasil Área degradada no município de Colniza

A Organização das Nações Unidas (ONU) condena os ataques contra os índios Guarani-Kaiowá no Brasil e pede que as autoridades adotem “medidas urgentes” para impedir novos assassinatos, bem como exige apuração sobre os autores dos crimes. O alerta foi lançado, nesta quarta-feira (22), pela relatora especial das Nações Unidas sobre os direitos dos povos indígenas, Victoria Tauli-Corpuz. 

Segundo a entidade, no passado dia 14 de junho, o agente de saúde pública Clodiodi Rodrigues de Souza, de 26 anos, “foi morto a tiros e outros seis indígenas foram baleados, incluindo uma criança de 12 anos. O ataque ocorreu no município de Caarapó, no estado do Mato Grosso do Sul, em terras ancestrais que foram recentemente reclamadas pelos Guarani-Kaiowá”, indicou um comunicado da ONU emitido em Genebra. 

A perita acusa grupos paramilitares de estarem agindo “por instruções de fazendeiros” e como “retaliação contra a comunidade indígena que busca o reconhecimento de suas terras ancestrais”.

“Essa foi uma morte anunciada”, disse Victoria, ao comentar a situação no Mato Grosso do Sul, “o estado é o mais violento no Brasil, com o número mais elevado e crescente de indígenas mortos”, explicou. Ela esteve no local, em março deste ano, e já naquele momento alertou para as altas taxas de assassinatos. 

“Lamento que, apesar de meus alertas anteriores, as autoridades federais e estaduais tenham fracassado em adotar medidas rápidas para prevenir a violência contra esses povos nativos. Essa falha é agravada pelos recorrentes altos índices de violência e temores expressados pela comunidade em sofrer novos ataques”, insistiu. 

Aos demais governos, a ONU pretente apresentar, durante encontro em Genebra marcado para setembro próximo, um informe completo sobre a situação indígena brasileira. Enquanto isso, o órgão faz um apelo para que “os procedimentos de demarcação sejam agilizados como uma questão prioritária e visando clarificar a titularidade de terras nativas, além de prevenir uma maior escalada de violência”. 

“A busca por interesses econômicos de tal modo que subordinem ainda mais os direitos dos povos indígenas cria um risco potencial de efeitos etnocidas que não pode ser desconsiderado nem subestimado”, completou a especialista.

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