‘Parabéns a esse time campeão’, comemora ex-presidente da Andrade Gutierrez

  • Por Estadão Conteúdo
  • 12/07/2016 12h05
Reprodução/Youtube Otávio Marques Azevedo

“Parabéns a esse time campeão.” A mensagem é do ex-presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, delator da Operação Lava Jato, e foi enviada, no dia 19 de dezembro de 2013, para Ricardo Mello Castanheira, executivo do Grupo CCR, braço da empreiteira que atua no setor de transportes, como rodovias e aeroportos.

A congratulação feita ao executivo encerra uma série de mensagens entre os dois, entre os dias 12 de novembro e 19 de dezembro de 2013, nas quais tratam sobre concessões de rodovias realizadas pelo governo da presidente afastada Dilma Rousseff. A CCR foi vencedora do trecho da BR-163 em Mato Grosso do Sul.

Nas conversas reunidas pela força-tarefa da Operação Lava Jato, os investigados citam tratativas com o então ministro de Transportes, Cesar Borges, e da Casa Civil, a atual senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR).

“Você já deve saber. Ganhamos a 163-MS, Gleisi mandou um abraço e agradeceu. César Borges muito feliz. Abs”, escreveu Castanheira para o então presidente da empreiteira, na mensagem anterior à celebração de resposta.

Gleisi Hoffmann é investigada pela Lava Jato nos inquéritos que correm no Supremo Tribunal Federal (STF) envolvendo alvos com foro privilegiado. Seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo (Planejamento e Comunicações), foi preso no último dia 23 de junho, alvo da Operação Custo Brasil, desmembramento da Lava Jato, também pode ter envolvimento na questão. 

Os dois são suspeitos de receberam propinas desviadas, via Ministério do Planejamento, de contratos de empréstimos consignados em folha dos servidores federais, um rombo de mais de R$ 100 milhões entre 2010 e 2015.

No dia 22 de novembro de 2013, Otávio Azevedo havia enviado mensagem de celular para Castanheira informando que “a Gleisi acabou de ligar e disse que falou com você”.

Ao analisar a mensagem, a Polícia Federal ressalta que “quanto à 163-MS observa-se que a CCR foi vencedora do leilão referente ao trecho da BR-163, em Mato Grosso do Sul, com deságio de 52,74%, sendo que cerca de 20 dias antes a Odebrecht foi vencedora da licitação da mesma estrada no trecho de Mato Grosso com deságio de 52%”.

Rodovias

A Lava Jato investiga se o esquema de cartel e corrupção descoberto na Petrobras foi espelhado em outros negócios do governo federal, como no setor elétrico e nos transportes, em especial nas concessões de rodovias, aeroportos e ferrovias.

As suspeitas envolvendo corrupção nestes contratos surgiram já no início das investigações da operação, “o que acontece na Petrobras acontece no Brasil inteiro, nas rodovias, ferrovias, portos, aeroportos e hidrelétricas”, afirmou, em depoimento ao juiz federal Sérgio Moro, o primeiro delator da operação, o ex-diretor de Abastecimento da estatal petrolífera Paulo Roberto Costa, em outubro de 2014.

O Relatório de Análise de Mídia Apreendida Nº 882/2015, da PF, foi anexado, na passada segunda-feira (11), ao inquérito da Andrade Gutierrez, que corre em Curitiba. Azevedo e outros executivos da empreiteira fecharam acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República, no qual confessam ter pago propinas em contratos como as obras das usinas de Belo Monte, no Pará, de Angra 3, no Rio, no Complexo Petroquímico do Rio (Comperj), da Petrobras e em estádios da Copa do Mundo de 2014.

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