Paraná assina acordo com a Rússia para produção da vacina contra a Covid-19

Documento vai ampliar a cooperação técnica, as transferências de tecnologia e os estudos sobre o imunizante; vacina russa gera desconfiança entre a comunidade científica

  • Por Jovem Pan
  • 12/08/2020 18h25 - Atualizado em 12/08/2020 18h29
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EFE/EPA/DAVID MARIUZ De acordo com um balanço da OMS apenas seis vacinas estão na fase 3 de estudos, três delas testadas no Brasil

O governo do Paraná assinou nesta quarta-feira, 12, um documento para ampliar a cooperação técnica, as transferências de tecnologia e os estudos sobre a vacina russa contra a Covid-19. O acordo é uma sinalização para uma futura testagem, produção e distribuição do imunizante no estado. O embaixador russo no Brasil, Sergey Akopov, e o presidente do Fundo de Investimentos, Kirill Dmitriév, participaram do encontro virtual e referendaram o memorando. Integrantes do Ministério da Saúde, do Ministério das Relações Exteriores e do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações também acompanharam a assinatura. Todos os estudos serão acompanhados pelo governo federal.

O governador Carlos Massa Ratinho Junior disse que o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) será responsável por coordenar as pesquisas no Paraná e lembrou que a entidade é referência nacional na produção de medicamentos. “A ideia do memorando de entendimento é ampliar a cooperação e estabelecer uma parceria. Estamos avançando nas tratativas para transferência de tecnologia”, afirmou. O próximo passo é a formação de grupo de trabalho com integrantes do Governo do Estado e do governo russo para acompanhar a validação da vacina em território brasileiro.

Segundo o governo russo, a vacina é “eficaz”, passou em todos os testes necessários e permite obter uma “imunidade estável” contra a Covid-19. Há muita desconfiança entre a comunidade científica, no entanto, a respeito da confiabilidade do composto, já que o país não divulga informações sobre as pesquisas ou método de elaboração da fórmula.

Primeiro passo

Segundo o documento, as partes vão desenvolver atividades conjuntas e organizar negociações em prol do desenvolvimento da vacina contra o Sars-CoV-2 no Estado. Para isso vão compartilhar experiências e tecnologias e providenciar mecanismos que permitam a cooperação com orientações técnicas e profissionais relacionadas à vacina. “É um memorando de entendimento bastante objetivo que versa sobre troca de tecnologia. Ele não gera obrigações, mas uma nova construção, um entendimento de que podemos trabalhar juntos. Vamos criar um grupo de trabalho para a formação de um protocolo que vai ser submetido às autoridades brasileiras”, afirmou Jorge Callado, diretor-presidente do Tecpar. “Nesse momento a prioridade é a validação da vacina no País. Dependemos dessa aprovação para os outros encaminhamentos”.

Callado acrescentou que o memorando é um “primeiríssimo passo” para a entrada da vacina no País. “Agora podemos trabalhar os aspectos regulatórios e técnicos, mas sempre pensando na prudência, na serenidade e na transparência. Temos que trabalhar muito bem essa parceria para que os resultados sejam os melhores possíveis para todos os brasileiros”, disse o diretor-presidente do Tecpar.

Vacina da Sinopharm

O Governo do Estado também já assinou um termo de cooperação técnica e científica com a China para iniciar a testagem e a produção de vacina da Sinopharm. O acordo garante ao Paraná acesso ao resultado das duas primeiras fases de testagem. Segundo o laboratório, os processos iniciais, já encerrados, tiveram 100% de positivação e nenhuma reação adversa grave. De acordo com um balanço atualizado em 10 de agosto pela Organização Mundial da Saúde (OMS), apenas seis vacinas estão na fase 3 de estudos — três delas testadas no Brasil. É somente depois desta prova, em milhares de participantes, que ela pode ou não ser licenciada e liberada para a comercialização. As pessoas também precisam ser acompanhadas por meses, para demonstrar que há poucas infecções entre as que receberem a vacina na comparação com aquelas que receberam um placebo. Só assim as imunizações poderão ser aprovadas por órgãos reguladores — como a Anvisa aqui no Brasil.

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