Paulistanos aproveitam a reabertura de parques e ‘esquecem’ da pandemia

Nos principais parques da capital, o alívio com a volta gradual à rotina fez muitos deixarem os cuidados com a saúde de lado

  • Por Jovem Pan
  • 29/08/2020 13h43 - Atualizado em 29/08/2020 16h04
TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO CONTEÚDO ibirapuera-parques-sp Manter as medidas de higiene e proteção continua sendo essencial, principalmente neste momento em que mais pessoas começam a sair de casa.

A reabertura gradual dos parques, em São Paulo, trouxe um alívio aos quarentenados. Crianças brincando ao ar livre e pessoas retomando suas caminhadas matinais ou passeios de bicicleta são sinais de que, aos poucos, o mundo volta à normalidade. Mas, apesar de todas as vantagens, ausentar-se do “mundo lá fora” ou “esquecer” que vivemos uma crise de saúde pública não é uma boa ideia. Manter as medidas de higiene e proteção continua sendo essencial, principalmente neste momento em que mais pessoas começam a sair de casa. Apesar disso, avisos sobre normas de conduta e distanciamento, medição de temperatura e até uma cabine de desinfecção (em parques como o Vila Lobos e o Parque da Juventude) não bastaram para alertar alguns frequentadores de que a vida ainda não voltou ao normal.

No Parque do Ibirapuera, por exemplo, a reportagem flagrou algumas pessoas sem máscara. No Parque Vila Lobos, que tem protocolos rígidos para entrada, um grupo de jogadores de futebol treinava sem ser incomodado. Com a bola rolando, as máscaras foram para o queixo. “A pandemia atrapalhou nosso treino. Mesmo agora, a gente tem sido interrompido pelo segurança enquanto treinamos”, disse Carlos Eduardo, 18 anos. A prática de esportes coletivos ainda não está permitida nos parques. Enquanto isso, no Parque da Água Branca, uma aglomeração ainda mais arriscada. A reunião de um grupo de idosos ao redor do violão de Antônio Jorge, 69 anos. Com a máscara fora do lugar, ele cantava uma música do Raul Seixas. Em poucos minutos, um segurança do parque aproximou-se e pediu para que ele recolocasse a proteção no rosto.

Ainda no Água Branca, os sinais de proibição do uso dos parquinhos e mesmo dos equipamentos de ginástica não foram o suficiente. O uso dessas instalações continua vedado e os aparelhos estão isolados com faixas de segurança. Mesmo assim, uma dupla ignorou as regras e se entregou aos exercícios, sem se incomodar com a aproximação do fotógrafo. “Pode tirar foto da gente. Tira mesmo”, disse um deles. Já no Parque na Juventude, na zona norte, nem sinal de aglomeração. Com a ETEC Parque da Juventude ainda fechada, o espaço está vazio. Sorte da patinadora Fernanda Bovo, 22 anos, que depois de cinco meses voltou a treinar. “Para quem precisa de espaço para voltar ao treino com segurança, esse vazio está perfeito”, contou.

E por falar em espaços vazios, o gramado do Parque do Carmo, na zona leste, estava ocupado de forma consciente pelos frequentadores. Mesmo sem espaços delimitados no chão, famílias mantiveram um bom distanciamento uma das outras. “Agora a gente pode sair com as crianças. Isso traz um alívio muito grande. Com cuidado, muita coisa é possível, como trazer a filha para brincar no parque em um dia de sol”, disse Taís Almeida, 25 anos.  A vida sob o sol parece proporcionar um ‘remédio’ contra a ansiedade que a falta de atividades ao ar livre provocou em muita gente. “Meu filho estava com insônia. Não dormia direito. Ao poder sair de casa, frequentar um parque, ele melhorou muito”, contou a assistente jurídica do Tribunal de Justiça, Viviane Alguz, 45 anos.

O que começou a melhorar também foi a vida financeira da vendedora de coco do Parque do Ibirapuera, Patrícia Oliveira, 29 anos, contou que passou quatro meses sem poder trabalhar e sobreviveu apenas com o dinheiro do auxílio emergencial do governo. “Foi um período muito difícil. Ainda está sendo. Nem todo mundo voltou a frequentar o parque. Ainda assim, agora, temos uma esperança de melhora”, afirmou.

*Com Estadão Conteúdo

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