RJ: Polícia investiga se sequestrador de ônibus queria ‘suicídio pela polícia’

  • Por Jovem Pan
  • 22/08/2019 13h41 - Atualizado em 22/08/2019 13h42
Estadão Conteúdo Willian Augusto da Silva, de 20 anos, foi morto por um atirador de elite do Bope

A polícia do Rio de Janeiro investiga se o homem que sequestrou, na última terça-feira (20), um ônibus na Ponte Rio-Niterói, queria cometer o chamado “suicídio pela polícia”. O fenômeno, mais comum nos Estados Unidos, ocorre quando uma pessoa com tendências suicidas cria uma situação em que acaba sendo morta por um policial. Antes do sequestro, Willian Augusto da Silva tinha dito à mãe que queria morrer “pela mão dos outros”.

Na madrugada anterior ao sequestro, enviou uma mensagem para os pais, avisando que ia acabar com a própria vida. Algumas horas depois, foi morto por um atirador de elite com seis tiros.

A família contou que o jovem de 20 anos sofria de depressão e “ouvia vozes”. Desde janeiro, quando teve um surto psicótico durante um churrasco, ele estava cada vez mais isolado, sempre na internet, calado e chegou a falar que queria morrer algumas vezes. Os parentes sabiam que havia algo errado, mas, contaram que não poderiam imaginar que ele estivesse planejando sequestrar um ônibus.

Para o sociólogo Ignácio Cano, do Laboratório de Análise da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), a hipótese de suicídio pela polícia não pode ser afastada. “Há casos na literatura em que a pessoa usa a polícia para cometer suicídio”, contou Cano. “Veja bem, ele usou uma arma de brinquedo, parou o ônibus num lugar de onde era impossível fugir, disse para os passageiros que não ia machucar ninguém nem queria dinheiro e ainda ficou entrando e saindo do veículo o tempo todo, se expondo.”

A polícia já está analisando um celular encontrado no ônibus sequestrado que seria o usado por Willian. Os agentes buscam pistas sobre a elaboração dos planos do sequestro. Embora tudo indique que ele tenha agido sozinho, existe a possibilidade de que ele tenha tido alguma ajuda. A polícia quer descobrir, por exemplo, que páginas da internet ele acessou nos dias que antecederam ao sequestro.

*Com Estadão Conteúdo

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