Site publica mais uma parte das conversas entre Moro e procuradores da Lava Jato
O site de notícias “The Intercept Brasil” publicou na noite desta sexta-feira (14) mais uma parte da série de reportagens denominadas “As mensagens secretas da Lava Jato”, na qual vaza conteúdos de aplicativos de mensagens privadas entre integrantes da operação. Segundo o site, as conversas publicadas fazem parte de um lote de arquivos “enviados por uma fonte anônima há algumas semanas”.
As mensagens estão sendo divulgadas pelo site militante de esquerda a conta-gotas. Revelam supostas conversas (ainda não periciadas pelas autoridades) de procuradores do Ministério Público Federal com o então juiz da Lava Jato Sergio Moro, hoje ministro da Justiça, e podem incluir, inclusive, politicos e jornalistas.
Numa das passagens, de acordo com o “The Intercept”, o então juiz Sergio Moro, enquanto julgava o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso do triplex do Guarujá, sugeriu à Lava Jato emitir uma nota oficial para rebater a defesa de Lula após o seu depoimento. Ele teria trocado supostas mensagens com o ex-procurador Carlos Fernando dos Santos Lima sobre o julgamento do petista e teria sugerido que “fosse feita uma nota de esclarecimento sobre as contradições do depoimento de Lula com o resto das provas ou com o depoimento anterior dele”.
Santos Lima respondeu, então, que a nota “poderia ser feita” e que “conversaria com o pessoal”. Em seguida, enviou mensagens para um grupo chamado Análise de clipping, no qual estavam assessores de imprensa do Ministério Público Federal (MPF) do Paraná. Nelas, pediu que alguém “arranjasse uma entrevista com alguém da Globo sobre a audiência”.
Depois disso, segundo informou o site, Santos Lima copiou a conversa que teve com Moro e colou em um chat privado com o procurador da República e ex-coordenador da Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol. Os procuradores conversaram em um chat chamado Filhos de Januário 1, no qual questionaram se deveriam comentar publicamente o depoimento de Lula.
Segundo o site, Dallagnol ainda teria parabenizado Moro pela condução da audiência. Feita “de modo sereno e respeitoso” e avisado que eles “estavam avaliando eventual manifestação”.
O pedido de Moro de emitir uma nota foi acatado, e o texto foi distribuído à imprensa e repercutido nos principais veículos do país. Na nota, a força-tarefa expôs o que considerou serem três contradições do depoimento de Lula e refutou uma alegação da defesa do petista, que os procuradores consideraram mentirosa.
A resposta do ministro Moro
O “The Intercept Brasil” publicou a resposta da assessoria de imprensa do ministro Sergio Moro. “O Ministro da Justiça e Segurança Pública não comentará supostas mensagens de autoridades públicas colhidas por meio de invasão criminosa de hackers e que podem ter sido adulteradas e editadas, especialmente sem análise prévia de autoridade independente que possa certificar a sua integridade. No caso em questão, as supostas mensagens nem sequer foram enviadas previamente”, afirmou a nota.
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