Brics abrem novo ciclo ao criar alternativas ao FMI e ao Banco Mundial

  • Por Agencia EFE
  • 15/07/2014 22h13
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Alba Santandreu.

Fortaleza, 15 jul (EFE).- A criação do Banco de Desenvolvimento e do Fundo de Reservas dos Brics, como alternativas ao Banco Mundial e ao Fundo Monetário Internacional (FMI), marcaram nesta terça-feira o início de “um novo ciclo” no cenário econômico financeiro mundial impulsionado pelas cinco grandes potências emergentes.

Os presidentes de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul formalizaram durante a sexta cúpula do grupo, realizada nesta terça-feira na cidade de Fortaleza, o nascimento dos mecanismos econômicos com os quais os cinco países buscam equilibrar a influência do Ocidente na ordem financeira global.

O chamado Novo Banco de Desenvolvimento, cuja sede ficará na cidade chinesa de Xangai, contará com um capital inicial assinado e desembolsado de US$ 50 bilhões, dos quais cada sócio fornecerá uma quinta parte, embora já tenha sido autorizada uma ampliação até US$ 100 bilhões.

A Índia ocupará a primeira presidência rotativa da entidade por ser o país que propôs a criação deste organismo e depois será assumida por Brasil, Rússia, África do Sul e China, nessa ordem.

O principal responsável do Conselho de Governadores será designado pela Rússia, enquanto a cabeça do Conselho de Diretores será proposta pelo Brasil. Ambos postos serão rotativos.

“O banco representará uma alternativa para as necessidades de financiamento dos países em desenvolvimento” e “compensará as deficiências de crédito” que existem atualmente nas instituições financeiras multinacionais, segundo a presidente Dilma Rousseff, durante a primeira sessão plenária da cúpula.

O Acordo de Reservas de Contingência (CRA, na sigla em inglês) estará dotado com US$ 100 bilhões e “ajudará a que os países evitem problemas de pressão (pela falta) de liquidez de curto prazo”.

Apesar de em sua declaração conjunta os Brics terem criticado o FMI e o Banco Mundial, Dilma afirmou que tanto o Novo Banco de Desenvolvimento como o Fundo de Reservas não “nascem contra ninguém, mas a favor de nós mesmos”.

Os Brics expressaram seu “desacordo” e “séria preocupação” com o fato de que o FMI não tenha implementado as reformas estipuladas em 2010 e pediu ao Banco Mundial “estruturas de governo mais democráticas” e um “fortalecimento da capacidade financeira” da entidade.

“O processo de reforma do FMI deve levá-lo à modernização de sua estrutura de governança de modo que reflita melhor o peso crescente das economias emergentes no desenvolvimento da economia mundial”, ressalta a chamada Declaração de Fortaleza.

O documento assinado pelos Brics também repassou diversas questões do cenário político internacional, embora para isso tenha empregado diversos tons.

Passou pisando em ovos pelo conflito entre Ucrânia e Rússia (membro do grupo), se opôs à “contínua e expansiva construção de assentamentos judaicos nos territórios palestinos ocupados pelo governo israelense” e mostrou sua preocupação pelos confrontos de guerra civil em alguns países da África, assim como pelo “aumento da violência” na Síria.

Após a primeira sessão plenária da cúpula realizada em Fortaleza, os líderes das cinco economias emergentes se transferiram a Brasília, onde amanhã se reunirão com vários presidentes latino-americanos, a quem, entre outros assuntos, apresentarão as oportunidades oferecidas pelo banco de desenvolvimento criado pelo fórum.

Na declaração conjunta, os Brics reconheceram a importância da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) “na promoção da democracia e da paz na região e na consecução de desenvolvimento sustentável e erradicação da pobreza”.

“Renovamos nossa disposição para o aumento do compromisso com outros países, em particular com aqueles em desenvolvimento e com economias emergentes de mercado, assim como com organizações internacionais e regionais, tudo com vistas a aumentar a cooperação e a solidariedade em suas relações com todas as nações e os povos”, indica o documento.

De acordo com o presidente da China, Xi Jinping, os acordos da 6ª Cúpula dos Brics demonstraram que o grupo, formalizado em 2009, “fala com uma só voz”. EFE

ass/rsd

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