Câmara encerra antecipadamente sessão que lembrou o golpe militar

  • Por Agência Brasil
  • 01/04/2014 14h40
Sessão teve tumulto durante com manifestações pró e contra o golpe militar Antonio Cruz/ Agência Brasil Câmara encerra sessão que lembrou o golpe militar

Manifestação contra a fala do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) provocou o encerramento antecipado de sessão solene, hoje (1º), na Câmara dos Deputados, marcada para relembrar os 50 anos do golpe que instalou a ditadura militar no país.

Depois da fala de quatro dos 11 oradores inscritos, as pessoas presentes ao plenário, a maioria parentes de mortos e desaparecidos do regime autoritário, viraram-se de costas quando Bolsonaro, defensor da ditadura e da repressão militar, subiu à tribuna.

Eles também exibiram cartazes com fotos de pessoas mortas durante a ditadura . Um dos cartazes dizia: “A voz que louvou a ditadura calou a voz da cidadania”.

Pelo regimento interno da Câmara, enquanto um orador estiver na tribuna, os presentes devem acompanhar o pronunciamento. O presidente da sessão, deputado Amir Lando (PMDB-RO), chegou a suspender por duas vezes a sessão e apelar para que para as pessoas virassem para a tribuna ou deixassem o plenário.

“Quem não quer ouvir, pode se retirar e voltar em seguida. Não posso admitir que a sessão fira o regimento. Estou fazendo um apelo. Aqui há um regimento. Aqui estou sendo democrático. Todos terão a oportunidade de se manifestar”, disse Lando.

Como os manifestantes continuaram de costas para o orador na tribuna, ele encerrou os trabalhos quando ainda faltavam oito oradores, entre eles Bolsonaro. “A democracia é muito mais que o protesto. As partes têm que ouvir as outras. Se não [há] solução, agora encerro a sessão”, lamentou Lando.

“Ficar de costas enquanto há um orador na tribuna é um desrespeito à Constituição, à democracia e à instituição Câmara dos Deputados”, criticou o secretário-geral da Mesa, Mozart Viana.

A sessão solene, a pedido da deputada Luiza Erundina (PSB-SP), faria uma homenagem àqueles que foram vítimas do regime militar. Entre os convidados para a solenidade estava Maria Thereza Goulart, viúva do ex-presidente João Goulart, deposto pelo regime em 31 de março de 1964.

Na abertura dos trabalho, o presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), disse que a sessão era a demonstração de que a Casa repudiava qualquer comemoração relacionada ao golpe de 1964.

“Ao acolher o requerimento em homenagem à resistência democrática de civis e militares contra o autoritarismo, a presidência da Casa tomou uma atitude consciente de repúdio a qualquer outro requerimento que pudesse vincular o Parlamento brasileiro à comemoração do golpe de Estado”, discursou Alves.

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