Comunidade judaica pede a governo que investigação de Nisman continue
Buenos Aires, 19 jan (EFE).- Os presidentes da Associação Mutual Israelita Argentina (Amia) e da Delegação de Associações Israelitas Argentinas (Daia) se reuniram nesta segunda-feira com o governo para reivindicar que as investigações iniciadas pelo promotor Alberto Nisman, achado morto ontem à noite em Buenos Aires, continuem exaustivamente.
Na saída da Casa Rosada, Julio Schlosser, titular da Daia, afirmou que na reunião com diferentes altos cargos do governo pediu “que todas as ações que estavam sendo conduzidas pelo promotor Nisman continuem sem interrupção”.
“Também colocamos a necessidade de brindar a comunidade judaica de tranquilidade para que continue sua vida normal, sem nenhum tipo de temor”, acrescentou.
No mesmo sentido o presidente da Amia, Leonardo Jmlenitsky, disse que a reunião com o governo foi “importante porque permitiu solicitar que a investigação seja exaustiva até saber realmente o que aconteceu na morte do promotor e tomar as precauções para que o atentado da Amia seja definitivamente esclarecido”.
“Aníbal Fernández (secretário de presidência) disse claramente que ele não falaria de suicídio até ter todos os elementos, e que tinham preservado a cena do fato na melhor pureza e que faltava uma varredura eletrônica, que é o que vai permitir esclarecer se a mão do promotor Nisman que disparou a arma”, afirmou Schlosser.
Sobre a desclassificação de documentos anunciada hoje pelo governo, Jmlenitsky apontou que na Casa Rosada “não foram explícitos, mas nos disseram que suspenderam o sigilo da apresentação (denúncia) feita (por Nisman)”.
“Nós trabalhamos durante anos com Nisman”, lembrou Schlosser, que afirmou que Nisman é uma nova vítima do atentado da Amia, a 103ª se somar as 85 vítimas diretas e os familiares mortos depois, em cuja saúde a dor teve um impacto “indubitável”.
Jmlenitsky contou que viram o promotor “há muito pouco tempo”, em reunião onde ele antecipou ideias sobre a denúncia que apresentaria contra a presidente, Cristina Kirchner, e seus colaboradores, de acobertamento das responsabilidades do Irã no atentado contra a Amia em 1996.
“Ele nos disse que estava muito entusiasmado com o avanço da investigação. E que estava preparando a documentação para fazer a apresentação”, acrescentou.
Os dois diretores também ratificaram sua confiança na capacidade do promotor interino Alberto Adrián Gentili, que substituirá temporariamente Nisman até final de janeiro na investigação.
“A comunidade judaica não põe nem tira funcionários e muito menos promotores, o que queremos é que seja uma pessoa de provada capacidade e isto é o que vamos nós, quando chegue a oportunidade, a analisar”, recalcou o presidente da Daia.
Nisman foi encontrado ontem à noite por sua mãe no banheiro de sua casa, localizada no exclusivo bairro de Puerto Madero, onde entrou com a ajuda de um serralheiro porque a porta estava fechada por dentro.
Segundo os primeiros resultados da autópsia, Nisman morreu em consequência de um tiro na têmpora disparado com a pistola calibre 22 encontrada ao lado do corpo.
Não há evidências de terceiras pessoas na morte e os exames de pólvora confirmaram que ele mesmo efetuou o disparo, informou a promotora do caso Viviana Fein.
A morte do promotor, que investigava o atentado contra a associação judaica Amia que deixou 85 mortos em 1994 e que tinha denunciado a presidente Cristina Kirchner de acobertar os suspeitos do ataque, comoveu a sociedade argentina.
Segundo a versão oficial, no apartamento havia documentos relativos à denúncia que Nisman apresentou na semana passada contra a presidente e seus colaboradores, e deveria comparecer hoje ao Congresso para dar mais detalhes sobre o processo. EFE
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