Crimeia: território russo após quase dois dias de independência

  • Por Agencia EFE
  • 18/03/2014 20h23
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Ignacio Ortega.

Simferopol (Ucrânia), 18 mar (EFE).- A Crimeia, península conquistada pelo império czarista no final do século XVIII, retornou nesta terça-feira ao domínio russo quase dois dias depois de esta república declarar formalmente sua independência da Ucrânia.

“Bravo! Assim se fala!”, comentavam os moradores em um restaurante de Simferopol, capital da Crimeia, durante o discurso no qual o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou a integração de toda a península, incluído o porto de Sebastopol.

Apesar de tudo, os russos da Crimeia, que acompanharam com atenção o discurso transmitido pela TV, ainda não se sentem parte da Federação Russa.

“Tão rápido? Então, agora, Putin também é nosso presidente?”, perguntava um garçom.

Os crimeanos acordaram no domingo como ucranianos, dormiram na segunda-feira como moradores de um país independente, e estão passando a terça-feira como cidadãos russos.

Isto ocorre depois de o parlamento da Crimeia aprovar ontem de manhã uma Declaração de Independência que entrou em vigor imediatamente e desfez os laços com a Ucrânia.

Os russos da Crimeia nunca esqueceram suas origens, mas sempre se consideraram estrangeiros com passaporte ucraniano e se negavam a usar essa língua, a estudar sua história e a admirar seus heróis, que, em alguns casos, combateram contra a União Soviética na ala nazista, como a controverso Stepan Bandera.

“Todo mundo está feliz. Os novos dirigentes de Kiev não nos deram outra opção que a adesão à Rússia. Ameaçavam vir de casa em casa para nos obrigar a falar ucraniano”, contou Dmitri, zeladora de um hotel.

A grande dúvida é o que vai acontecer com as minorias ucraniana e crimeana, que estão insatisfeitas com o resultado do referendo separatista do domingo, mas parecem resignados a viver em um novo país: Rússia.

Os funcionários ucranianos enviados por Kiev terão que fazer as malas, os militares terão a opção de jurar lealdade a sua nova pátria, enquanto os ucranianos médios terão que pensar se querem ficar na Crimeia e ser estrangeiros em sua própria terra. Emigrar às regiões do leste da Ucrânia não é uma opção, já que seus habitantes são russos e também se rebelaram contra as novas autoridades de Kiev.

A Crimeia passará a fazer parte da Rússia como república, da mesma forma que Tartária e Chechênia, e confia em receber o status de Zona Econômica Especial. A população espera que a entrada na Rússia inunde suas praias de milhões de turistas e os negócios de bilhões de rublos, a nova moeda nacional, embora para isso será preciso construir uma ponte no estreito de Kerch (o mar de Azov) que separa ambos os territórios.

Em breve, os crimeanos poderão pedir passaportes e carteiras de motorista russos e, inclusive, os relógios passarão a marcar a hora da capital do novo país, Moscou. EFE

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