Defensoria Pública no Rio quer anular teste da ‘pílula do câncer’
A Defensoria Pública da União no Rio vai entrar com ação civil pública contra o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) pedindo a anulação dos testes feitos com a fosfoetanolamina sintética, conhecida como “pílula do câncer”. Segundo o defensor público Daniel Macedo, as pesquisas têm falhas e erros metodológicos.
Os primeiros testes feitos com o apoio do ministério apontaram que a substância não tem eficácia no combate às células tumorais. Em relatório divulgado pelo MCTI, em março último, com resultados das pesquisas in vitro, mostraram que a substância não era pura e não conseguia destruir as células cancerígenas. No final de maio, os resultados dos primeiros testes em cobaias tornaram-se públicos, a pílula foi introduzida em camundongos e ratos com dois tipos de câncer: carcinossarcoma 256 de Walker e sarcoma 180. Mais uma vez, a fosfoetanolamina sintética não foi capaz de combater a doença.
Para o defensor público e os pesquisadores criadores da substância, os resultados podem ter sido prejudicados por falhas na condução dos testes.
“Uma irregularidade que destacamos é que o grupo de trabalho (do MCTI) foi criado para estudar a fosfoetanolamina sintética do professor Gilberto Chierice (pesquisador aposentado do Instituto de Química da USP São Carlos) e o que foi estudado lateralmente não foi a fosfoetanolamina sintética, pois os estudos foram feitos com a fosfoetanolamina da Unicamp. Ou seja, os pesquisadores da universidade estadual refizeram o processo de síntese do composto olhando a patente que está no Inpi (Instituto Nacional de Propriedade Intelectual)”, argumentou Macedo, durante seminário sobre o tema feito pelo Sindicato dos Farmacêuticos no Estado de São Paulo, no último sábad (11). Para o acadêmico, o uso da cápsula sintetizada pela Unicamp pode ter alterado os resultados.
Ausência
O defensor público criticou ainda o fato de os pesquisadores do grupo de Chierice não terem participado dos estudos financiados pelo ministério, “eles foram chamados para a primeira e segunda reuniões a fim de debater como seria o estudo e, depois, não foram mais. Eu não posso ignorar a opinião de três químicos, um biomédico, um oncologista e um biólogo que, há 25 anos, estudam a fosfoetanolamina. A conclusão de como se faz a solubilidade (do composto), de como é o processo terapêutico não pode ser ignorada. É um erro gravíssimo.”
A assessoria de imprensa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação informou, por meio de nota, que as pesquisas com a fosfoetanolamina prosseguem e que a pasta irá aguardar comunicação oficial sobre a ação civil pública para “tomar conhecimento do teor antes de qualquer manifestação”.
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