Delegado da PF revela dificuldades de manter o ritmo da Lava Jato

  • Por Estadão Conteúdo
  • 27/04/2016 10h17
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José Cruz Personagens Lava Jato

O delegado de Polícia Federal Filipe Hille Pace, que faz parte da equipe da Lava Jato no Paraná, afirmou, em despacho do dia 6 de abril, que a sucessiva deflagração de fases da operação, que já soma 28 etapas, “impossibilita a conclusão célere da análise de todo o material apreendido em fases pretéritas”.

Para o delegado, também é inviável se estender, por tempo indeterminado, os inquéritos policiais “sob o pretexto de se aguardar a exaustiva e integral análise dos materiais apreendidos por ocasião de cada uma das fases da aludida operação policial”.

As afirmações de Pace revelam as dificuldades, até estruturais, da intensa rotina de trabalho da equipe da Lava Jato para manter o passo das investigações em Curitiba.

O “desabafo” do delegado foi feito no âmbito de um inquérito que tem, como alvo, o ex-diretor da área Internacional da Petrobras Jorge Luiz Zelada, já condenado a 12 anos e dois meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, além do lobista e ex-gerente da estatal João Augusto Resende Henriques, condenado a seis anos e oito meses de prisão pelos mesmos crimes, outros investigados também entram na pauta. Os dois são apontados como cotistas de propina do PMDB no esquema de corrupção na estatal e que teriam sido “apadrinhados” pelo vice-presidente Michel Temer.

A investigação, que começou em setembro de 2015 para apurar as suspeitas de lavagem de dinheiro e evasão de divisas por parte dos investigados, acabou revelando novas offshores, contratos de fachada e estratégias de ocultação de bens dos investigados, acabando por envolver até familiares e conhecidos deles no Brasil, bem como novos contratos da Petrobras nos quais teria ocorrido pagamento de propinas de empresas internacionais.

Diante do grande volume de descobertas e indícios que podem levar a novos crimes, o delegado apontou que “não há razoabilidade e possibilidade fática ou humana a se apurar, no presente inquérito, todos os crimes que possam ter sido praticados pelos indiciados em desfavor da empresa”.

Ele lembra ainda que há fatos envolvendo Zelada e Henriques ainda sob “investigações sigilosas e que novos indícios vierem à tona e irão dar origem a novos inquéritos, indicando que a investigação do núcleo do PMDB no esquema está longe de ser encerrada”.

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