Banco do Brasil diz que não foi informado sobre demissão de André Brandão
Rumores da queda do presidente tomaram força nesta terça após insatisfação de Bolsonaro por anúncio de programa de demissões e fechamento de agências
O Banco do Brasil informou nesta quinta-feira, 14, que não recebeu a confirmação da demissão do presidente André Brandão a mando do governo federal. Em fato relevante divulgado aos acionistas, a empresa de capital misto informou que “não recebeu no âmbito de seus órgãos de governança nenhuma comunicação formal por parte do acionista controlador sobre qualquer decisão a respeito do assunto” e que novos fatos, caso sejam relevantes, serão informados futuramente. O Banco do Brasil é uma empresa de economia mista, e apesar de ter papéis negociados no mercado financeiro, a maior parte das ações que dão direito a voto pertencem ao governo federal. Os rumores da queda de Brandão a mando do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tomaram força nesta quarta-feira, 13, após o chefe do Executivo mostrar insatisfação com o último anúncio do banco, na segunda,11, de fazer uma reorganização administrativa com redução de agências e demissão de cinco mil funcionários. Apesar de não confirmados, o boato foi forte o suficiente para fazer as ações do BB na Bolsa de Valores brasileiras despencarem quase 5% nesta quarta. Brandão entrou na presidência em setembro do ano passado após a saída de Rubem Novaes.
O contingente de demitidos pelo banco contrariou o presidente por ter sido feito no mesmo dia que a Ford anunciou que deixaria o país, gerando a perda de trabalho para ao menos cinco mil brasileiros. O programa de demissões do Banco do Brasil integra o projeto para a economia de R$ 535 milhões em 2021 e R$ 2,7 bilhões até 2025. O Ministério da Economia preferiu não comentar o assunto, mas fontes no Planalto contam que a decisão já foi acertada, enquanto o ministro Paulo Guedes ainda tenta reverter. A queda nas ações pode ser definida pelo fato de André Brandão ser bem visto pelo mercado, com experiência de mais de 30 anos no setor. Ele foi presidente do HSBC Brasil entre 2012 e 2016. Desde agosto do ano passado, quando foi confirmado para o cargo, as ações do banco subiram 22% o início desta semana. A decisão de enxugar as operações do banco, que é 100% estatal, se dá pela digitalização dos serviços financeiros e o novo modelo de negócio do setor — que exige menos agências e mais tecnologia.
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